Artes/cultura
28/09/2023 às 12:00•2 min de leitura
Se você tem claustrofobia, é melhor parar de ler agora! Vamos falar sobre o emparedamento, uma das técnicas mais cruéis de tortura que já existiram e que, mesmo assim, foi usada em vários contextos históricos.
Um dos medos mais comuns do ser humano (e que mais causam pesadelos) é o de ser enterrado vivo. O emparedamento é quase isso, mas talvez seja ainda pior: em vez de o torturado morrer asfixiado rapidamente, algumas estratégias eram usadas para prolongar o sofrimento do condenado.
Como o nome já diz, o emparedamento consiste em fechar uma pessoa em um espaço delimitado sem saída. Mas, ao contrário do que possa parecer, o termo é não é utilizado apenas para paredes, podendo a tortura ser realizada em caixões, criptas, cavernas ou celas. Vários relatos sobre este tipo de prática foram verificados ao longo da história, alguns com maior grau de veracidade, outros no território das lendas.
Um dos casos mais antigos de emparedamento é da Roma Antiga. No templo da deusa Vesta, existia um grupo de sacerdotes conhecidas como Virgens Vestais cuja função era manter o fogo do templo sempre acesso. Elas eram separadas ainda crianças para o sacerdócio, que deveriam cumprir por pelo menos 30 anos. Neste tempo, deveriam se manter celibatárias — quebrar essa norma era um desrespeito à deusa e à sociedade romana.
As Vestais que não cumpriam funções, que quebravam o celibato ou outras normas, eram condenadas à morte por emparedamento. Neste caso elas eram levadas a uma pequena cela com um assento e um pouco de comida e bebida, o que prolongava a vida e a tortura. Em mil anos de existência da ordem, apenas 10 vestais foram condenadas a esta tortura.
Emparedamento de uma Vestal. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Relatos de emparedamento sobreviveram à chegada do cristianismo. A prática existia em conventos tanto para padres quanto feiras que quebravam votos ou que apresentavam ideias heréticas, mas também como um sacrifício voluntário em busca de iluminação. Nesses casos, os emparedados recebiam pequenas doses de comida e bebida, e em alguns casos, a punição era por tempo determinado.
A prática também alcançou tempos assustadoramente mais modernos. No Império Persa, há relatos desde o século XVII sobre ladrões que eram presos em pequenas caixas com a mão algemada e a cabeça para o lado de fora. Isto fazia com que eles fossem lentamente atacados por abutres, além de ficarem expostos às intempéries climáticas. O emparedamento foi mantido até o início do século XX na Mongólia e em partes do que hoje é o Irã.
Caixão usado para emparedamento na Mongólia. (Fonte:WikimediaCommons/Reprodução)
Outro uso de emparedamento ao longo da história era o de sacrifícios humanos para a boa sorte de uma construção. Existem evidências que durante a Idade Média, em algumas partes da Europa, emparedava-se uma pessoa para que a construção de uma ponte ou castelo fosse bem-sucedida. Há relatos do século XVIII de um esqueleto de criança encontrado emparedado em uma ponte que veio a ser demolida. Na Escócia, esqueletos foram encontrados dentro de paredes de igrejas.
E não eram só os humanos que corriam o risco dessa vil tortura: lendas do folclore alemão, eslavo e dinamarquês falam sobre o emparedamento de animais, como cavalos, cordeiros, porcos, galinhas e até cachorros, como formas de sacrifício.