Ciência
14/12/2023 às 03:00•2 min de leitura
O Santo Graal é um item que ocupa um lugar central na imaginação ocidental há milhares de anos, seja como figura sagrada, tesouro perdido ou objeto de perfeição intangível. Contudo, toda a história começa como uma simples taça usada na Última Ceia por Jesus Cristo. A primeira referência encontrada sobre ele pode ser encontrada na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios.
Os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas também descrevem Jesus, que logo depois seria crucificado, convidando seus discípulos a beber vinho de uma taça como um ritual comunitário. A figura mais emblemática na história humana a realizar uma busca incessante pela taça posteriormente seria o rei Artur, um lendário líder britânico, mas outros nomes também tentaram atingir o mesmo objetivo antes dele.
(Fonte: GettyImages)
O destino do cálice original da Última Ceia é desconhecido até hoje, mas relíquias associadas a Jesus começaram a surgir logo depois que o imperador romano Constantino I se converteu ao cristianismo. Sua mãe, Helena, também era cristã e acreditava ter sido fundamental na conversão do filho. Inclusive, ela fez uma peregrinação à Terra Santa em busca de relíquias e locais sagrados dos primeiros cristãos.
Helena contou com a ajuda do bisco e historiador Eusébio de Cesareia nessa busca. Como resultado das suas investigações, lugares específicos começaram a ser associados a eventos que cercaram a vida e a morte de Jesus, conforme descritos na Bíblia. Ela é creditada por encontrar várias relíquias, principalmente a verdadeira cruz na qual Jesus teria sido crucificado.
A partir daí, as relíquias teriam um papel fundamental no culto cristão, como a Coroa de Espinhos, a Lança Sagrada que perfurou o lado de Jesus e a Esponja Sagrada usada para umedecer os lábios do filho de Deus durante seu sofrimento. De todos os objetos, o cálice usado na Última Ceia sempre foi o mais complexo de ser encontrado.
(Fonte: GettyImages)
Ao longo da história, centenas de taças em igrejas, catedrais e mosteiros em toda a Europa foram candidatas em diferentes momentos da história a serem o Santo Graal. Contudo, nenhuma parecia se encaixar perfeitamente com os acontecimentos. Foram séculos de busca sem resultados até surgir um lendário líder do século VI incansável na procura pela taça: Artur, rei dos bretões. O rei Artur e as pessoas ao seu redor ficaram conhecidas por sua busca incessante atrás do item.
Outro objeto célebre da era arturiana foi a Távola Redonda. A cena do rei e seus cavaleiros reunir em torno de uma mesa lembra simbolicamente a Última Ceia. Numa era profundamente cristã, essas imagens poderosas infundiram nos textos arturianos e nas lendas do Graal um sentido de propósito sagrado, bem como de redenção e cura.
Contudo, como mostra a tradição arturiana, o Santo Graal não precisa existir fisicamente para despertar a imaginação da fé cristã. As histórias sobre o poder da taça — e até onde as pessoas iriam para adquiri-la — são muitas vezes tão ornamentadas quanto o próprio objeto. O cálice em si nunca foi criado para ser um item poderoso, surgindo como um item simples usado por Cristo para dar seu sangue para seus discípulos beberem. Logo, a preciosidade verdadeira sempre esteve na mensagem passada por esse cenário.