Artes/cultura
26/01/2024 às 06:30•2 min de leitura
O Boletim dos Cientistas Atômicos anunciou que o Relógio do Juízo Final será mantido em 90 segundos para a meia-noite pelo segundo ano seguido — o que é considerado o mais próximo que a humanidade já esteve de seu fim. Desde sua criação no final da década de 1940, o relógio tem sido um símbolo que reflete o estado do mundo.
Por sua vez, a proximidade da meia-noite ou do "Dia do Juízo Final" significa a aniquilação da nossa espécie, e esse número tem avançado dramaticamente nos últimos anos. Em comunicado oficial, a presidente e CEO do Boletim dos Cientistas Atômicos, Rachel Bronson, afirmou que a permanência em 90 segundos não é um sinal de estabilidade, mas um grande alerta.
(Fonte: GettyImages)
De acordo com os pesquisadores, o anúncio deste ano não é exatamente uma surpresa. A falta de compromisso para enfrentar a crise climática em evolução, resultando em 2023 sendo o ano mais quente registrado na história moderna, e o trabalho para construir a preparação para a próxima pandemia ainda são questões globais mal resolvidas.
"É urgente que os governos e as comunidades em todo o mundo ajam. E o Boletim continua esperançoso – e inspirado – em ver as gerações mais jovens liderando o ataque", destacou Bronson. Com crises humanitárias em curso em várias partes do mundo e com conflitos militares ainda no auge, como a guerra entre Rússia e Ucrânia entrando em seu terceiro ano, o cenário atual é verdadeiramente dramático.
Nos últimos meses, assistimos também à invasão israelita em Gaza, retaliando o ataque do Hamas no dia 7 de outubro de 2023, deixando mortos por todos os lados. O Boletim também listou a deterioração dos acordos para reduzir as armas nucleares e a ameaça das armas biológicas como uma grande ameaça, bem como a propagação contínua de desinformação na Internet alimentada por políticos, meios de comunicação e especialistas. Logo, o desenvolvimento desregulado dessas tecnologias pode agravar o futuro da humanidade.
(Fonte: GettyImages)
O Relógio do Juízo Final é movido com base nas opiniões e conhecimentos dos membros do Boletim dos Cientistas Atômicos a respeito do que acontece no mundo. Desde 1947, o aparelho representa a capacidade das ameaças criadas pelo homem de levar à nossa extinção. A ferramenta foi estabelecida no início da Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética correram para construir o maior arsenal nuclear do planeta.
Uma guerra atômica com as armas disponíveis atualmente certamente representaria a ruína da nossa espécie. Segundo os pesquisadores, até mesmo um pequeno conflito travado com armas nucleares poderia matar dezenas de milhões de pessoas em apenas algumas horas e mais 5 bilhões devido à fome subsequente.
Em 1947, o relógio foi inicialmente acertado para 7 minutos para a meia-noite e chegou a estar a 17 minutos do ponteiro final em 1991, quando a tensão entre URSS e EUA diminuiu, a Alemanha se reunificou e o primeiro Tratado de Redução de Armas Estratégias foi assinado.
Para que o relógio ande, os membros do Boletim devem responder duas perguntas: a humanidade está mais segura do que no ano passado e a humanidade está mais segura do que esteve nos últimos 76 anos contra ameaças de origem humana? Ao que tudo indica, a resposta segue sendo não para ambas as questões.