Artes/cultura
10/06/2024 às 09:00•3 min de leituraAtualizado em 10/06/2024 às 09:00
Existem muitos seriados e filmes que tentam criar uma representação do que o futuro da humanidade poderia ser, mas poucos conseguiram criar tanta identificação com a audiência quanto Star Trek. Até os dias atuais, há uma infinidade de cientistas das mais diversas áreas da tecnologia para quem o programa foi um terreno fértil.
Enquanto alguns elementos saltaram da tela e passaram a conviver conosco, outras invenções apresentadas no seriado permanecem no espaço da ficção científica. Seja por restrições tecnológicas ou por limitações da compreensão científica, mecanismos e tecnologias engenhosas talvez nunca deixem o reino da fantasia.
Uma das ferramentas mais incríveis criadas pelos roteiristas de Star Trek foi o Projeto Gênesis. Ele tornava possível transformar toda matéria sem vida em ecossistemas robustos em poucos instantes, criando e sustentando a vida em planetas que pareciam inabitáveis. A ideia de um componente como esse, cuja engenharia lançava luz a desafios reais da humanidade, oferecia uma visão em que regiões áridas poderiam renascer e se tornar habitáveis.
Para além de poder solucionar problemas de extensas localidades da Terra, ainda dava margem ao sonho de explorar e colonizar outros planetas do Sistema Solar. Porém, o esplendor do Projeto Gênesis esbarra nas duras realidades da complexidade ecológica e biológica.
Mesmo que em teoria, o processo de terraformação abrange gerações, exigindo equilíbrio entre a química atmosférica, os recursos hídricos e a vida microbiana para construir, de modo gradual, um ecossistema autossustentável. Uma tecnologia capaz de acelerar estes processos está além do âmbito da ciência e da tecnologia atuais.
A Sonda Mental Vulcana era uma técnica que permitia ao personagem Spock fundir sua mente com a de outros indivíduos, de modo a lê-la, se comunicar com a pessoa e recuperar o apagar suas memórias. Pensamentos, experiências e emoções eram compartilhadas de modo direto. No entanto, essa ligação telepática ultrapassa a linguagem e os sentidos físicos, confrontando barreiras intransponíveis para a compreensão ainda limitada que temos do cérebro e da consciência humana.
Ligar mentes diretamente, transferindo pensamentos e sentimentos sem uso de linguagem ou de tecnologia exterior trafega em aspectos da telepatia, um fenômeno que não possui apoio da comunidade científica pela impossibilidade de prática empírica. Por fim, uma ligação como essa desafiaria nossos conceitos a respeito de individualidade e privacidade, levantando profundas questões éticas.
Quem bebe já deve ter experimentado tomar umas doses ou copos a mais que resultaram em uma ressaca terrível. Em Star Trek, foi desenvolvido um conceito que certamente resolveria este problema.
O sintehol é o correspondente ao álcool da série, oferecendo os prazeres da bebida sem suas consequências. No programa, ele simula o sabor e os efeitos de bebidas alcoólicas reais, mas sem a intoxicação, o vício ou a ressaca, garantindo a sociabilidade com a manutenção da saúde. Porém, a criação do sintehol enfrenta desafios bioquímicos.
Alterar os efeitos do etanol no cérebro mantendo o prazer requer uma compreensão elevada da neuroquímica, o que não é uma realidade da ciência contemporânea. Há pesquisadores procurando alternativas ao álcool, para reduzir seus impactos na saúde humana, mas nada que se aproxime do conceito apresentado em Star Trek.
Os holodecks surgiram como exemplo incrível do uso de realidade virtual em Star Trek. Eles criam um ambiente imersivo em que os usuários podem interagir com um universo criado por computador extremamente real. Ali, era possível criar cenários para entretenimento, treinamento ou investigação. Todavia, esse é um conceito que ultrapassa os limites da realidade virtual, pois sugere um futuro em que os limites entre o real e o virtual se borram.
O século XXI tem sido um período de grande avanço para a tecnologia da realidade virtual, mas nada que se aproxime do nível de realismo e interatividade apresentado no programa com os holodecks. Para ser possível algo do gênero, teríamos que dar saltos enormes em tecnologia tátil, na inteligência artificial e na integração sensorial.