Artes/cultura
09/11/2024 às 15:00•4 min de leituraAtualizado em 09/11/2024 às 15:00
A política na Roma Antiga era um verdadeiro campo minado. O crescimento da República trouxe riqueza e poder, mas também amplificou a desigualdade e as tensões sociais. Em um ambiente onde facções rivais disputavam espaço e poder, até os mais proeminentes reformistas corriam o risco de encontrar um destino fatal. Muitos desses assassinatos foram motivados por lutas de classe, ambições pessoais e o desejo de manter o status quo.
Assim, surgiram figuras que ousaram desafiar o poder da elite e pagaram caro por isso. Nesta lista, vamos conhecer 5 assassinatos icônicos da Roma Antiga, todos ocorridos antes do famoso episódio dos Idos de Março, que mostram como as rivalidades políticas moldaram o caminho do Império.
Nascido em uma das famílias mais influentes de Roma, Tibério Graco (em latim, Tiberius Gracchus) parecia destinado a uma carreira de sucesso na política. No entanto, ao se tornar tribuno, ele fez algo inesperado: começou a lutar por reformas que ajudariam os pobres e distribuiriam terras públicas para pequenos agricultores. Essa atitude não caiu bem com a elite romana, que se sentiu ameaçada por suas propostas.
Graco buscava reduzir a desigualdade que dividia Roma, e sua popularidade crescia entre as classes baixas. Seus oponentes, no entanto, não estavam dispostos a ceder. Sob a liderança de Scipio Nasica, senadores o confrontaram em uma reunião e, após uma intensa discussão, Tibério foi brutalmente espancado e assassinado. Seu corpo foi jogado no Rio Tibre, numa tentativa de apagar sua influência.
Esse assassinato marcou um ponto de ruptura na política romana, revelando até onde a aristocracia estava disposta a ir para manter o poder. O episódio deu início a um período turbulento de lutas sociais conhecido como as Guerras Gracchanas.
Após a morte de Tibério, seu irmão Caio Graco (em latim, Gaius Gracchus) assumiu a missão de promover reformas para os menos favorecidos. Ele intensificou as propostas, incluindo a distribuição de grãos a preços reduzidos para a população e o apoio à criação de colônias para os pobres. As elites, é claro, viram isso como uma ameaça.
Caio não só desafiou a aristocracia, como também propôs mudanças no sistema judiciário, tirando parte do poder do Senado. Esse movimento foi ousado e arriscado, especialmente após o destino trágico de seu irmão. Porém, ele acreditava que as reformas eram necessárias para manter a estabilidade social.
Em 121 a.C., a tensão culminou quando um dos aliados de Caio foi acusado de assassinato. Isso deu ao Senado uma desculpa para declará-lo inimigo da República. Forças leais ao Senado o perseguiram até o Monte Aventino, onde ele foi morto. Sua cabeça foi exibida no Fórum, uma mensagem clara para futuros reformistas.
Caio Mêmio (em latim, Gaius Memmius) era conhecido por suas duras críticas ao Senado e sua posição contra a corrupção. Como tribuno, ele denunciou um tratado suspeito com o rei Jugurta e acusou vários senadores de trair o interesse público em troca de favores. Seu fervor reformista ganhou apoio popular, mas irritou profundamente a elite.
Mêmio não se intimidou e continuou sua luta por justiça. Em 100 a.C., ele concorreu ao cargo de cônsul, o que lhe daria ainda mais influência. No entanto, em meio a um ambiente político acirrado, seus rivais temeram que ele realmente vencesse a eleição e tomaram medidas drásticas.
Durante o dia da eleição, seus oponentes incitaram um motim. Caio foi assassinado brutalmente em plena luz do dia, diante de todos. Sua morte foi um alerta para qualquer um que ousasse desafiar o poder estabelecido.
Lúcio Saturnino (em latim, Lucius Apuleius Saturninus) era um tribuno controverso, apoiado por uma aliança com o general Caio Mêmio. Ele propôs reformas populares, incluindo a distribuição de terras para veteranos, o que desagradou o Senado. Ele sabia que estava em uma posição frágil, mas continuou com suas propostas.
Com suas reformas cada vez mais ousadas, o Senado o acusou de incitar revoltas. Isso levou a um confronto direto, com Lúcio e seus apoiadores em uma situação de constante perigo. A cidade entrou em caos, e as ruas de Roma se tornaram palco de confrontos violentos. No fim, Saturnino tentou se esconder no próprio edifício do Senado. No entanto, ele foi traído e, com o prédio cercado, acabou sendo apedrejado até a morte por seus opositores.
Marco Lívio Druso (em latim, Marcus Livius Drusus) focou sua carreira política em defender os direitos dos aliados italianos de Roma. Ele propôs uma série de reformas, incluindo a concessão de cidadania aos aliados, o que foi visto como radical e perigoso pelo Senado.
Apesar das fortes críticas, Marco não desistiu. Ele acreditava que, ao dar mais direitos aos aliados, poderia estabilizar a República. No entanto, essa posição irritou a elite romana, que o via como uma ameaça ao status quo.
Em 91 a.C., Druso foi assassinado em um ataque brutal. Sua morte acendeu uma revolta que desencadeou a Guerra Social, um conflito que obrigou Roma a finalmente reconhecer os direitos dos aliados. A vida de Druso e sua trágica morte foram um marco na luta por igualdade dentro do mundo romano.