Ciência
13/04/2024 às 17:00•3 min de leituraAtualizado em 13/04/2024 às 17:00
Embora a Igreja Católica afirme publicamente nunca ter mudado suas doutrinas, há quem discorde disso. Por mais que a religião tenha se mantido invariavelmente a mesma, é de se imaginar que o Catolicismo tenha transformado alguns pontos para se encaixar nas sociedades modernas.
Um exemplo disso pode ser visto até mesmo na autoridade máxima da Igreja: na Idade Média, o imperioso Papa Inocêncio III lidava com as coisas de uma maneira significativamente diferente do Papa Francisco no século XXI. Para ilustrar essas mudanças, nós separamos uma lista com cinco das maiores reviravoltas na história da Igreja Católica!
Por mais bizarro que isso possa soar para você, os padres católicos nem sempre foram celibatários. A exemplo, o próprio São Pedro, considerado o primeiro Papa, foi casado. Inclusive, nos primeiros séculos cristãos, a maioria dos padres tinha esposas.
A pressão pelo celibato iniciou-se no século IV, quando o "Decreto de Elvira" ordenou àqueles com posição no ministério da Igreja a absterem-se completamente das suas esposas e não terem filhos. Em 1139, o Segundo Concílio Lateral finalmente tornou o celibato clerical obrigatório em toda a Igreja Católica.
A escravidão não era algo questionado no mundo romano em que o Cristianismo nasceu e também não era visto como algo inerentemente imoral — mesmo que o Papa Calisto I tenha sido um ex-escravo. As coisas só mudaram por volta do século XV, quando uma sucessão de papas emitiu condenações à prática. Mas, em 1425, o Papa Nicolau V já estava concedendo a Portugal permissões para "reduzir as suas pessoas à servidão perpétua".
Coube ao Papa São João Paulo II definir de forma inequívoca a posição da Igreja em 1993, finalmente condenando a escravatura como intrinsicamente imoral e indesculpável sob quaisquer circunstâncias.
Em 1615, Galileu Galilei foi acusado de heresia pela Igreja Católica por ter afirmado que a Terra girava em torno do Sol — ao contrário do que se imaginava naquela época. Por conta disso, o pesquisador passou sua vida inteira sendo considerado um traidor religioso.
Porém, as crescentes provas científicas do heliocentrismo nos séculos seguintes tornaram a posição da Igreja insustentável. Em 1992, então, a Pontifícia Academia das Ciências apresentou um relatório dizendo que os juízes de Galileu eram "incapazes de dissociar a fé de uma cosmologia milenar". Sendo assim, após 359 anos, Galileu foi declarado inocente.
Por anos, a Igreja Católica utilizou do conceito de "Inferno" para amedrontar todos que ousassem desafiar os ensinamentos de Deus, e esse comportamento perdurou por muitos anos. Ainda no século XX, a vidente de Fátima, Irmã Lúcia, lamentava: “tendo em conta o comportamento da humanidade, apenas uma pequena parte da raça humana será salva”.
A Igreja moderna, por sua vez, dá mais ênfase ao amor de Deus do que a sua ira. A realidade do Inferno ainda é ensinada, mas de uma forma mais amena. Recentemente, o Papa Francisco afirmou que gosta de "pensar no Inferno como algo vazio".
De todos os pecados já cometidos pela Igreja Católica, poucos são tão agressivos quanto a Inquisição. Em 1478, a Inquisição Espanhola — famosa pela queima pública de hereges — foi autorizada pelo Papa Sisto IV. O Grande Inquisidor, Tomas de Torquemada, vangloriou-se de ter matado 2 mil pessoas sozinho.
Em 1994, o Papa São João Paulo II perguntou aos seus cardeais: "Como podemos nos silenciar sobre tantos tipos de violência perpetrados em nome da fé?". Seis anos depois, ele fez uma oração pública pedindo perdão pelas feridas deixadas abertas em consequência desses processos.