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17/09/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 17/09/2024 às 12:00
A estreia da série Agatha Desde Sempre no Disney+, na próxima quinta-feira (19), resgata um dos personagens mais icônicos do Universo Marvel, a bruxa Agatha Harkness, que foi coadjuvante em revistas do Quarteto Fantástico e na série WandaVision. Ela retorna agora mais poderosa do que nunca na pele da atriz Kathryn Hahn em um momento particularmente importante da chamada "bruxaria moderna".
O conceito, citado em uma reportagem do The New York Times intitulada "Quando todas se tornaram bruxas?", lembra que "pode não haver necessidade de se esgueirar por aí", pois as bruxas já estão caminhando de cabeça erguida entre nós e "aparentemente em todos os lugares", diz a publicação.
Exemplos são garotas da geração Y lendo cartas de tarô em seus intervalos de almoço, convites para uma festa de Lua Nova para turbinar o "sucesso profissional" ou influencers que usam a hashtag #witchesofinstagram para compartilhar horóscopos, feitiços e memes com o slogan "Nós somos as netas das bruxas que vocês não conseguiram queimar".
A bruxaria moderna tem sido tema de estudo há décadas pela professora Helen A. Berger, acadêmica do Centro de Pesquisa de Estudos Femininos da Universidade Brandeis, nos EUA. Ela sempre abordou o assunto em uma perspectiva histórica até que, em uma palestra ministrada em 1986, um membro da plateia perguntou se havia alguma bruxa praticante na sala, e muita gente levantou as mãos.
Falando com essas pessoas após a palestra, Berger foi convidada a se juntar a um coven Wiccan (encontro regular de bruxas). Ela topou na hora e acabou se deparando com um universo totalmente novo e desconhecido.
Hoje, os praticantes da Wicca, uma religião minoritária alternativa cujos adeptos, independentemente do gênero, se declaram bruxos, são mais de 1,5 milhão de praticantes, segundo uma pesquisa antiga (2014) da organização Pew Research Center. Em um artigo na plataforma The Conversation, Berger diz que os bruxos wiccans estão crescendo, em pesquisas e em grupos "como os do TikTok", diz a socióloga.
Embora as bruxas não sejam, em essência, feministas, afirma Berger, algumas feministas, como a filósofa Mary Daly, passaram a incorporar a bruxaria como um símbolo de empoderamento feminino. Ela defendeu que o termo "bruxa" foi usado historicamente para demonizar e controlar mulheres poderosas ou independentes.
Ao ressignificar "bruxa", a líder do segundo movimento feminista pode ter iniciado uma virada de mesa. "É a noção de que essas palavras que foram usadas contra as mulheres foram retomadas e remodeladas em algo que poderíamos usar que fosse positivo", destaca Berger.
Estudando o arquétipo da bruxa, o fundador da psicologia analítica Carl Gustav Jung dizia que, como tudo que faz parte do inconsciente coletivo, a bruxa desaparece quando os tempos estão bons, mas ressurge quando as coisas estão tensas. "Seu poder arquetípico então infecta a humanidade, incitando a histeria em massa e os horrores das epidemias persecutórias", afirmava. Temerosos e vulneráveis, nós alimentamos esse poder.