Ciência
28/10/2024 às 03:00•2 min de leituraAtualizado em 28/10/2024 às 03:00
Poucas figuras do cristianismo são tão conhecidas como a Virgem Maria, a mãe de Jesus Cristo. Mas, por incrível que pareça, a Bíblia não dá muitos detalhes sobre a sua vida, além de passagens esporádicas nos evangelhos.
É na teologia e na análise bíblica que os episódios envolvendo Maria foram expandidos, trazendo mais informações sobre ela. Algumas delas, inclusive, são relativamente desconhecidas e até polêmicas.
Sem dúvida, o fato mais famoso em torno da mãe de Jesus é que ela teria concebido um filho sendo virgem. Por mais que isso seja a própria definição de um milagre, a verdade é que acontecimentos desse tipo não eram extremamente raros na Bíblia, nem na mitologia como um todo.
Por conta disso, muitos analistas desacreditam nessa parte da história, pois argumentam que ela teria sido copiada de outras mitologias, como a de Osíris, na mitologia grega, e de Átis, no Oriente Médio.
Mas há também uma polêmica envolvendo uma tradução. A tradição judaica profetiza que o Messias nasceria de uma virgem, e o Evangelho de Mateus afirma que o nascimento de Maria é o cumprimento da profecia de Isaías. Lê-se na tradução do hebraico como: "A virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel".
Contudo, estudiosos judeus e cristãos defendem que o hebraico "almah" deveria ter sido traduzido como "jovem", ao invés de "virgem". Há ainda quem defenda que o trecho de Isaías não deve ser lido como uma profecia, mas como uma metáfora.
De acordo com a tradição bíblica, o mundo começou quando Adão, o primeiro homem, ao lado de Eva, cometeu o pecado original ao comer a maçã. O pecado e a desobediência de Adão trouxeram desespero e morte ao mundo, e Jesus ter vindo por vontade de Deus para anunciar a salvação e a vida eterna.
A igreja cristã primitiva abordava um paralelo entre o papel de Eva no Antigo Testamento com o de Maria no Novo. Isso porque Eva e Maria são consideradas virgens no momento de seus atos mais importantes: Eva quando sucumbe à tentação e Maria com a responsabilidade de carregar Cristo no ventre e zelar por ele. Depois, dentro do catolicismo, os paralelos foram estendidos. Os católicos passaram a defender que Maria nasceu sem pecado original.
O fim da vida de Maria também é alvo de controvérsia entre algumas igrejas. A grande questão diz respeito à Assunção de Maria: se, quando ela chegou ao fim da sua vida, ela ascendeu ao céu de corpo e alma, tal como ocorreu com Jesus.
A Assunção foi declarada como um dogma da fé católica em 1950. A visão é consolidada pelo Livro do Apocalipse, no qual Maria é vista como a personificação mais lógica do "povo de Deus" na batalha do bem e do mal. Endossa essa ideia o fato de que nunca foi encontrado o corpo de Maria, nem relíquias associadas a ela.
Ainda assim, há muito ceticismo em torno dessa história. Como não é um evento descrito na Bíblia, muitas denominações protestantes rejeitam totalmente a ideia de Assunção, e preferem compreender Maria como uma reles mortal como eu e você. Vai saber, não?