Artes/cultura
22/12/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 22/12/2024 às 09:00
Menor do que muitos estados brasileiros, Lesoto, país conhecido o "Teto da África" ou "Reino no Céu" faz jus aos apelidos. Ele é um único país do mundo que tem todo o seu território de 30,4 mil km2 acima de uma altitude de 1,4 mil metros. Ou seja, o país inteiro é mais alto do que as montanhas mais altas de muitos países do mundo.
Isso torna esse enclave da África do Sul (país totalmente cercado pelo território do outro) uma espécie de oásis, pois, embora seja geograficamente um país tropical, seu clima temperado de altitude, com viés para frio, é totalmente diferente de todos os seus vizinhos.
O resultado dessa elevação incomum provoca invernos rigorosos e longos, e verões curtos e amenos. Tempestades de neve são comuns durante o inverno, quando as temperaturas caem abaixo de zero, com um clima predominantemente frio, enquanto a cerca de 400 km dali, turistas curtem o verão mediterrâneo de Camps Bay.
Lesoto é um caso típico em que a história teve influência direta na geografia. E a origem do isolamento do país começou no início do século 19, quando o povo Zulu, comandado pelo líder militar Shaka Zulu, estabeleceu um exército permanente, partiu para conquistar nações vizinhas e expandiu a nação no sudeste da África.
Entre os povos que fugiram do expansionismo zulu, chamado de Mfecane ("esmagamento"), estava um clã formado por diversos grupos étnicos sotho, liderado pelo rei Moshoeshoe I, que decidiu construir, nas montanhas, um reino inexpugnável para qualquer tipo de invasor. O local resistiu até mesmo a pressões coloniais britânicas e bôeres (colonos holandeses).
Moshoeshoe I se tornou então o primeiro rei de Lesoto que, de forma diplomática e hábil, conseguiu preservar a autonomia do seu povo e elevar o país à categoria de entidade política independente tanto da África do Sul, em 1884, como da própria Coroa Britânica, em 1966.
Diversas nações na mesma situação de Lesoto, ou seja, montanhosas e sem acesso ao litoral, têm alguns pontos mais altos, com o exemplo mais famoso sendo o Nepal, onde está o pico do Monte Everest que, com seus 8.848, é o mais alto do planeta. No entanto, o distrito de Jhapa, no extremo leste do país, tem apenas 60 metros acima do nível do mar.
Outro país, o Butão, chamado de Reino das Nuvens, tem uma altitude média de 3,3 mil metros e um dos picos mais altos do mundo, o Gangkhar Puensum, com 7,6 mil metros. No entanto, a cidade de Phuntsholing, na fronteira com a Índia, está a 300 metros acima do nível do mar.
Dessa forma, ninguém ganha de Lesoto quando o assunto é altitude: além de nação mais montanhosa do planeta, o Reino do Céu jamais desce abaixo dos 1,4 mil metros.