Os mistérios de Adão e Eva, o casal polêmico da Bíblia

Nos anos 1980, todo mundo cantava aquela música que dizia: "Tudo azul, Adão e Eva, e o paraíso, tudo azul sem pecado e sem juízo". Parece uma boa apresentação dessa dupla, importantíssima para o cristianismo e cuja história aparece no Gênesis, o primeiro livro da Bíblia.

Eles supostamente dividiam uma vida paradisíaca no Jardim do Éden, onde não havia pecado, nem doença ou morte. Mas, um dia, Eva encontrou uma serpente que a convenceu a comer o fruto da "árvore do conhecimento do bem e do mal". Ao compartilhar a fruta com Adão, os dois perdem a inocência e são expulsos do Éden.

Sendo cristão ou não, essa história é sempre fascinante. E mesmo pelo menos 2 mil anos depois de ter sido escrita, Adão e Eva seguem gerando vários debates.

A localização do Jardim do Éden

Muitos cristãos visualizam o Jardim do Éden como um local que realmente existiu na Terra. Mesmo que isso seja verdade, ninguém chegou à conclusão sobre onde teria sido. Entretanto, isso gerou muito debate entre teólogos importantes.

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De acordo com as escrituras sagradas, o que se sabe é que o Éden estaria localizado no leste a partir de quatro rios que fluem para uma mesma região a partir de uma única nascente – dois deles são o Eufrates e o Tigre. Mesmo que esses dois rios existam no Oriente Médio, não há consenso se a geografia deles coincide com a narrativa da Bíblia. 

Soma-se a isso a história de Noé, que fala de uma inundação mundial que teria reformulado todo o mapa do planeta. Portante, é bem provável que nunca se chegue a uma conclusão definitiva.

A polêmica da costela de Adão

Outra história famosa ligada ao casal é que Eva teria sido criada a partir de uma das costelas de Adão, que foi posto para dormir por Deus para então tirar um pedaço dele. Esse mito é tão célebre que, por anos, circulou a ideia de que os homens teriam menos costelas que as mulheres (spoiler: eles têm a mesma quantidade, doze pares).

Há toda uma discussão sobre o que significaria a tal costela dentro do contexto do Gênesis. Um professor chamado Ziony Zevit, da American Jewish University, já sugeriu que a Bíblia pode de fato estar se referindo ao báculo, que é um osso encontrado no pênis na maioria dos mamíferos, mas ausente em humanos, e que entra em ação durante a cópula. Contudo, essa teoria não empolgou muita gente e por isso não se tornou muito popular.

Foi Satanás que tentou a dupla?

Por fim, um outro aspecto muito conhecido do mito tem a ver com o motivo pelo qual o casal teria sido expulso do paraíso: a tentação provocada por uma serpente, que deu origem a todas as dificuldades que assolam os humanos. 

De acordo com a versão mais famosa da história, uma serpente enganou Eva para que ela comesse o fruto de uma árvore. Na Bíblia, o episódio é bem sucinto, o que levou que os crentes fizessem muitas interpretações. Uma delas é que o animal seria, na verdade, Satanás disfarçado.

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No entanto, esta interpretação só surgiu muito depois da escritura do Gênesis ter sido escrita, e levantou a hipótese de alguns estudiosos do cristianismo de que a interpretação da figura da serpente deveria ser analisada à luz do livro do Apocalipse, o que sustentaria essa leitura.

Uma questão aqui é discutir por que uma serpente seria capaz de falar no livro sagrado, mas teólogos mais modernos sustentam a ideia de que, no Jardim do Éden, provavelmente todos os animais falavam.