Ciência
21/06/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 21/06/2024 às 09:00
O mascote de cada edição dos Jogos Olímpicos normalmente é escolhido para refletir a cultura e os valores da cidade sede. É comum que o símbolo selecionado seja um animal da região ou seres fantasiosos, mas com cores e acessórios que remetem ao local. No caso da edição de 2024, que acontece em Paris, não foi diferente.
Só que a competição deste ano, que acontece entre 26 de julho e 11 de agosto, terá como mascote uma peça de roupa. São as Phryges, simpáticas criaturas que representam um item clássico do vestuário francês: o barrete frígio.
Além da importância cultural para a região, eles também carregam uma importância histórica e revolucionária. E, apesar de normalmente remeterem à França, essa peça também já foi usada no contexto de batalhas e conquistas em outras civilizações.
O barrete frígio é um tipo de gorro de tecido no formato de um cone, com a ponta superior dobrada para um dos lados. O nome dele vem da Frígia, região que hoje pertence à Turquia e adotou o costume de uso dessa peça de roupa entre a população.
Os primeiros registros do acessório, porém, vem dos pileus, povo da Grécia Antiga. Eles eram inicialmente entregues aos escravizados romanos que recebiam a alforria — e essa foi só a primeira de muitas vezes que o gorro foi associado à liberdade.
Ao longo dos séculos, ele apareceu em estatuetas de divindades e como adorno em figuras retratadas em moedas antigas.
A sua popularidade decaiu até o século XVII, quando a cultura britânica resgata símbolos clássicos e adota peças de vestuário que incluem o barrete frígio.
Mas foi Paul Revere, o mensageiro que alertou sobre um ataque dos ingleses durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos, em 1775, quem popularizou o item. Ele colocou o gorro no desenho de um obelisco idealizado por ele em Boston, mais especificamente no topo de um bastão usado por uma mulher representando a liberdade.
O barrete passa a ser chamado de gorro da liberdade e é retratado em moedas, pinturas e ilustrações. O símbolo, junto dos ideais revolucionários norte-americanos, ajudou a inspirar também líderes da Revolução Francesa.
Na França, o "gorro da liberdade" ganhou destaque na cor vermelha, em vez do modelo original em branco da época dos escravizados romanos. Eles foram adotados pelos republicanos franceses, responsáveis por eventos como a Queda da Bastilha, em 1789.
Marianne, a mulher que representa a República Francesa e símbolo máximo da nação, também usa um barrete frígio na cor vermelha. Ela é retratada com essa peça inclusive na clássica pintura A Liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix, um dos mais populares quadros que remetem à Revolução Francesa.
O uso pelos revolucionários fez com que o gorro virasse um símbolo familiar na França e sinônimo de liberdade. Mesmo não sendo originário do país, ele também virou um clássico na retratação de figuras em bustos, selos e desenhos.