Ciência
14/11/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 14/11/2024 às 06:00
Quem não curte filmes de terror costuma questionar: afinal, o que faz alguém em sã consciência escolher esse tipo de entretenimento? Por que alguém simplesmente decide sentir medo?
A pergunta até faz sentido, ja que esses filmes costumam ser repletos de imagens grotescas, violência extrema, sustos assustadores e personagens apavorantes. Mas, por incrível que pareça, há sim algum tipo de prazer na sensação controlada do medo provocada por eles.
O medo é um tipo de emoção que também se relaciona com a excitação. Quando sentimos medo, nós liberamos no corpo hormônios do estresse que podem produzir sintomas físicos, como aumento da frequência cardíaca e respiratória, suor e tensão muscular. Por mais estranho que possa parecer, isso causa também uma sensação de alívio.
Pesquisas mostram que pessoas com personalidades que anseiam por experiências emocionais intensas (como as que curtem esportes radicais) tendem a gostar de filmes de terror.
Por outro lado, as pessoas mais receosas podem ter sensações intensas demais, que costumam ser mais negativas do que positivas. São essas as que preferem passar longe desse gênero cinematográfico.
Pode soar estranho, mas filmes de terror causam uma sensação de alívio depois que uma cena assustadora se encerra. Ver esse tipo de filme é como passar por uma montanha-russa de emoções, e essa é uma experiência empolgante para muitas pessoas.
Basta lembrar de alguns filmes de terror que você gostou – caso seja fã do gênero, é claro. Em It, de 2017, os protagonistas sobrevivem a uma série de encontros assustadores com um palhaço demoníaco. Mas cada uma dessas cenas é intercalada por momentos mais suaves e calmos, o que traz tensão e alívio na mesma medida.
Desde crianças, nós somos acostumados a ouvir histórias contendo personagens vindos do mundo sobrenatural e que são bem assustadores, como os zumbis, os lobisomens e os vampiros. É comum que eles sigam nos fascinando ao longo da vida. Ver um filme de terror, portanto, pode ser uma forma de suprir essa curiosidade.
E essa curiosidade, inclusive, às vezes adquire tons mórbidos, quando gostamos de conferir cenas violentas com mortes, por exemplo – veja o caso das chacinas protagonizadas por Jason Voorhees na franquia Sexta-Feira 13. Portanto, esses filmes podem se tornar um espaço seguro para explorar coisas que não seriam seguras no mundo real.
Curiosamente, os filmes de terror podem ter alguns fins "terapêuticos", quando nos fazem refletir sobre os nossos medos mais profundos, de modo a analisar o que em nosso íntimo provoca essas reações.
Além disso, as obras também costumam funcionar como uma maneira segura de ultrapassar os nossos limites pessoais e, potencialmente, sentir menos medo ou menos nojo destas coisas na vida real.
Não por acaso, situações tensas que ocorrem em nossa vida cotidiana (como a pandemia provocada por alguma doença) também são exploradas em alguns filmes, ajudando-nos a imaginar o que faríamos se enfrentássemos um momento desse, ou até onde seríamos capazes de ir.