
Ciência
19/03/2025 às 18:30•2 min de leituraAtualizado em 19/03/2025 às 18:30
Foram concluídos recentemente os primeiros testes de uma instalação pioneira no mundo: o repositório de Onkalo, na Finlândia. Trata-se de um repositório de combustível nuclear usado, ou seja, resíduos radioativos. A ideia é que o perigoso lixo nuclear fique armazenado a uma profundidade de 430 metros em um leito rochoso, quando for inaugurado em 2026.
Onkalo, palavra que significa "cavidade" ou "esconderijo" em finlandês, fica em Olkiluoto, uma ilha na costa oeste da Finlândia, dentro do município de Eurajoki.
Dimensionada para os próximos cem anos, a instalação receberá o combustível nuclear usado das usinas nucleares finlandesas, tanto as existentes (Loviisa 1 e 2, e Olkiluoto 1, 2 e 3), quanto da planejada Olkiluoto 4. Os resíduos serão acomodados em latas de cobre e ferro fundido e soldados antes do armazenamento. A instalação será lacrada em 2120.
Normalmente apresentado como mais limpo e menos poluente do que os combustíveis fósseis, o combustível nuclear apresenta alguns paradoxos desafiadores, e o maior deles é o gerenciamento dos seus resíduos radioativos que, embora representem uma pequena fração do volume, carregam uma perigosíssima radiação de longo prazo.
Os resíduos nucleares podem ser divididos em três categorias: a maior parte (90%) é de baixo nível de radioatividade, como roupas e ferramentas. Outra parcela (7%), vinda de componentes internos dos reatores, é de nível intermediário. Já a fração menor restante é de resíduos de alto nível (HLW).
Apesar de pequena em relação ao volume total de resíduos radioativos, essa parcela contém 99% da radioatividade, explica o site da Agência de Energia Nuclear (NEA). "Além disso, leva cerca de 10 mil anos para que a radioatividade de tais resíduos decaia até o nível que teria sido gerada pelo minério original a partir do qual o combustível nuclear foi produzido, caso esse minério nunca tivesse sido extraído", alerta.
Resolvido o problema dos próximos 100 anos, uma outra questão que se apresenta é: como avisar civilizações futuras sobre os perigos enterrados, quando não sabemos que língua elas falarão ou até mesmo se serão humanas?
Entre as propostas está a criação deliberada de uma paisagem hostil e ameaçadora, usando materiais escuros que absorvem e irradiam calor, tornando aquela área desconfortável e inóspita. Contudo, o próprio conceito de "ambiente hostil" soa um tanto diluído em um país que realiza periodicamente um festival cultural que combina heavy metal e tricô.
Entre as sugestões mais criativas está a criação a criação de gatos geneticamente modificados que mudariam de cor próximos à radiação, criando uma espécie de mito duradouro sobre "gatos sinalizadores". No curto prazo a instalação terá apenas a tradicional sinalização de segurança humana.