Ciência
03/10/2017 às 05:09•2 min de leitura
Demorou mas os cientistas estadunidenses Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young finalmente foram reconhecidos com um Prêmio Nobel em Medicina por suas descobertas acerca do ritmo circadiano. Também chamado de “relógio biológico”, o assunto de um estudo com moscas foi desenvolvido nos anos 80.
A pesquisa, realizada com moscas nos anos 80, descobriu uma proteína que se acumulava durante o dia e se degradava ao longo do dia
“Como as plantas, animais e humanos adaptam seu ritmo em sincronia com a rotação da Terra?” Essa era uma pergunta que o trio fazia no início daquela década e somente em 1984 conseguiu provar que todos os organismos operam em um circuito de 24 horas, responsável por regular funções como pressão sanguínea, temperatura corporal, taxa de batimento cardíaco, níveis de hormônios, metabolismo, sono e até comportamento.
O relatório conclusivo saiu de um experimento com moscas. Ao isolar um gene, batizado posteriormente de Period Gene, relativo a período, eles encontraram uma proteína que se acumulava durante a noite e aos poucos se degradava ao longo do dia, quando os insetos estavam acordados.
O relógio circadiano antecipa e adapta nossa fisiologia de acordo com as diferentes fases do dia
Depois disso, soubemos melhor como os mecanismos do sono e do despertar funcionam, assim como os efeitos de jet lag durante as viagens e as pesquisas sobre o tema ajudaram a encontrar mais remédios e respostas para a obesidade, depressão, predisposição a certos tipos de doenças e outros avanços.
Entre os indicados dessa temporada estavam dois projetos mais recentes. Um deles foi o Crispr, um sistema de edição de genes aproveitado para produzir culturas resistentes ao clima, biocombustíveis mais abundantes e terapias de ponta.
O outro foi um trabalho pioneiro no promissor campo da imuno-oncologia, no qual a rede imunológica do corpo é ativada para combater o câncer sem a necessidade de quimioterapia ou radiação tóxica.
Michael Rosbash, um dos três pesquisadores premiados
No final, quem levou foi o trio, com sua clássica descoberta. Ao receber a notícia do chefe do escritório de Ciências da Nobel Media, responsável por comunicar os premiados, Michael Rosbash resumiu o segredo do sucesso do estudo: “Duas coisas. Éramos muitos próximos pessoalmente, muito amigos, mesmo antes do fato de termos estudado juntos. E, segundo, tínhamos conjuntos de habilidades complementares”.