Ciência
17/04/2018 às 14:12•2 min de leitura
Nós aqui do Mega Curioso já compartilhamos por aqui casos de pessoas que passaram por transplantes de rosto — cirurgias pra lá de complexas e que, assim como ocorre com todo tipo de transplante de órgãos, estão associadas a diversos riscos e complicações, incluindo, obviamente, a rejeição do tecido transplantado.
Pois, de acordo com Maria Cheng, do portal de notícias Associated Press, o médico Laurent Lantieri, do Hospital Georges Pompidou, de Paris, anunciou ter submetido um de seus pacientes a não um, mas dois transplantes de rosto, tornando o rapaz o primeiro no mundo a passar por esse procedimento duas vezes. A história do transplantado, um rapaz de 43 anos chamado Jerome Hamon, começou em 2010, quando ele teve que passar pela cirurgia pela primeira vez.
Segundo Maria, na ocasião, o doador foi um homem de 60 anos de idade e o procedimento foi realizado com êxito. No entanto, em 2015, Jerome adoeceu e os medicamentos que ele foi obrigado a usar durante o tratamento começaram a interferir com as drogas que ele tomava para evitar a rejeição e os tecidos da face transplantada começaram a morrer em novembro do ano passado.
Jerome durante a cirurgia (AP)
Então, o cirurgião foi obrigado a remover o rosto do paciente — imagine a situação! —, deixando Jerome sem face. Isso significa que o paciente ficou sem pele, pálpebras e orelhas, sem falar no imenso risco de sofrer uma infecção. Enquanto esteve aguardando por um novo transplante, o paciente ficou impossibilitado de se alimentar normalmente, de falar e teve a audição prejudicada.
Por sorte, em janeiro surgiu um doador — desta vez um mais jovem do que o anterior, um rapaz de 22 anos —, mas, antes de submeter à cirurgia novamente, o médico teve que trocar todo o sangue de Jerome para eliminar quaisquer anticorpos presentes em seu organismo originários de tratamentos anteriores. Esse processo foi realizado ao longo de um mês e, depois de concluído, o homem sem rosto pôde finalmente receber o transplante.
Jerome e suas três faces (AP)
Segundo Laurent Lantieri, o cirurgião responsável pelo procedimento, Jerome passa bastante bem, especialmente considerando tudo o que ele teve que passar, e inclusive liberou o rapaz para fazer uma viagem curta recentemente.
Já de acordo com Maria, outros médicos elogiaram bastante a iniciativa e revelaram que essa e outras técnicas sendo desenvolvidas pelo mundo poderiam ser usadas para tratar pacientes em situação crítica como a de Jerome, uma vez que o risco de rejeição em transplantados é constante. A possibilidade de submeter essas pessoas a um novo procedimento realmente poderia ajudar a salvar mais vidas.