Artes/cultura
04/06/2018 às 13:30•2 min de leitura
O Paradoxo de Fermi existe porque acreditamos que é praticamente impossível sermos a única forma de vida no Universo. Por mais que ainda não tenhamos feito contato com outra civilização ou mesmo visualizado outra forma de vida, grande parte da comunidade científica crê que esse dia ainda vai chegar.
Muitos pesquisadores já tentaram explicar o motivo dessa falta de comunicação, alguns considerando princípios bem controversos. Já foram levantadas possibilidades de eles estarem nos observando como animais em um zoológico, de um grande filtro que impede a evolução ou até de que os extraterrestres estariam hibernando.
Até que algum contato seja feito, as explicações para a sua falta continuarão surgindo, e o físico teórico russo Alexander Berezin publicou uma própria. Em um artigo divulgado recentemente, ele propôs uma solução chamada first in, last out, algo como "primeiro a aparecer, último a existir".
Ele parte do princípio de que não é necessário definir qual tipo de extraterrestres chegará ao ponto de fazer travessias interestelares — sejam eles como nós, algum tipo de inteligência artificial que se rebelou ou uma forma de vida além da nossa capacidade de compreensão. O que deve ser levado em conta, segundo ele, é a maneira como vemos outras formas de vida, ou como elas nos veem.
Se uma civilização existe, mas não conseguimos visualizá-la como seres vivos, eles podem até sofrer uma evolução tecnológica e viajar pelo espaço, mas não seriam considerados na resolução do paradoxo. A proposta dele é um tanto quanto assustadora, pois sugere que os primeiros a alcançar esse nível acabariam com todos os outros.
Se estivéssemos atrás de recursos naturais em outros planetas, provavelmente utilizaríamos técnicas sem nos preocupar com o que estivesse sobre a superfície ou abaixo dela e acabaríamos destruindo possíveis criaturas alienígenas, mesmo não sendo nossa intenção.
Fazendo um paralelo, imagine um formigueiro presente há muitos anos em um terreno baldio. Ele existe, é uma forma de vida, mas está no meio de uma área tão grande que, se uma obra se iniciasse ali, os insetos seriam eliminados facilmente nas primeiras escavações, sem os trabalhadores perceberem. Obviamente, na nossa realidade a morte dessa colônia não causaria a extinção da espécie; mas, caso o Universo seja uma cidade e o terreno a Via Láctea, a Terra pode ser esse formigueiro, com o nosso fim sendo definido pela construção de uma estrada espacial.
Esse exemplo serve só como ilustração, pois Berezin acha que, no futuro, acontecerá exatamente o contrário. Nós destruiremos as formigas, ignorantes do impacto de nossas atitudes. Por isso o título do artigo, propondo que a primeira civilização a alcançar esse nível de desenvolvimento talvez destrua outras criaturas que não são identificadas como tal.
Apesar do artigo, Berezin espera estar errado, pois participar de uma corrida em que não sabemos onde estão os oponentes é algo bem assustador, ainda mais se a vitória é a preservação da nossa própria existência. Vale lembrar que, considerando o paradoxo, a maioria dos cientistas possui uma visão otimista do assunto.
A maioria das pessoas não deseja que a Terra seja destruída, mas é necessário considerar todas as possibilidades, até as mais catastróficas e sombrias. Por mais improváveis que sejam, elas ainda podem acontecer, e, no caso, pelo menos saberemos o motivo de nossa destruição. Se houver tempo hábil para isso.