Ciência
09/08/2018 às 08:30•2 min de leitura
Uma das maiores agressões que nosso planeta enfrenta é o descarte irregular de plásticos. Apesar de o material ser reciclável, uma parcela imensa de embalagens acaba em lixões, levando anos para que se decomponham, na melhor das hipóteses. Uma inofensiva sacola de mercado ou um canudo, descartados de forma incorreta, podem acabar com a vida de um animal marinho facilmente, como já falamos aqui no Mega.
Como se tudo isso já não fosse problema suficiente, uma equipe que estuda a microbiologia oceanográfica, na Universidade do Havaí, identificou que plásticos liberam gases que contribuem para o efeito estufa durante seu processo de decomposição. As quantidades observadas podem ser consideradas alarmantes, e dentre os compostos emitidos estão metano e etileno.
A pior notícia, conforme as informações publicadas no PLOS One, é que dentre os sete tipos de plásticos analisados, o mais popular é também o que libera as maiores quantidades de gases. Policarbonato, acrílico, polipropileno, polietileno tereftalato, poliestireno e polietileno de alta densidade (PEAD) foram analisados e são problemas, mas o polietileno de baixa densidade (PEBD) é o maior vilão dessa história.
Utilizado desde 1933, o polietileno de baixa densidade ainda é muito popular, pois alia um baixo custo à praticidade. Sacos plásticos e caixas de leite são os principais recipientes que utilizam o composto em sua fabricação; por isso, talvez seja a hora de considerar o uso de sacolas de pano quando vai ao supermercado.
Hábitos não saudáveis, mas que tornam nossa vida mais confortável, exigem grandes esforços para que sejam alterados. Por mais que existam diversas campanhas tentando diminuir o uso de sacolas plásticas, a demanda global pela matéria-prima delas aumentou em 2018, chegando a incríveis 99,6 milhões de toneladas, de acordo com um grupo de pesquisa de mercado. Esse valor significa um aumento de 4% em relação ao ano anterior, fato que aciona um alarme sobre o uso de produtos que empregam o composto em sua fabricação.
Em um comunicado, o pesquisador principal do estudo, David Kral, alerta: "O plástico representa uma parcela importante de gases que afetam o clima, que devem aumentar à medida que mais plástico é produzido e acumulado no meio ambiente. Essa fonte ainda não está sendo levada em conta para a avaliação dos ciclos globais de metano e etileno e pode ser bem significativa."
Nosso conhecimento sobre o meio ambiente pode parecer vasto, mas ainda existem muitos fatores capazes de contribuir para o aquecimento global, mas ainda não considerados — fato provado pela nova descoberta.
Temos a tendência de acreditar que nosso esforço é pequeno demais e, por isso, será em vão. Se esse pensamento se mantiver, provavelmente morreremos em um planeta destinado a sofrer as consequências do aquecimento global. Somente quando o pensamento sobre o assunto deixar de ser individualista, com a compreensão de que tudo deve ser feito por uma causa maior, as mudanças começarão a se tornar efetivas.
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