Estilo de vida
14/05/2020 às 02:00•2 min de leitura
Um estudo realizado com milhares de pacientes prova que os homens têm concentrações mais elevadas de uma enzima específica conversora de angiotensina 2 (ACE2) em seu sangue quando comparado com mulheres. Dessa forma, essa pesquisa ajuda a entender por que os homens infectados pelo novo coronavírus sofrem mais de insuficiência cardíaca do que as mulheres também contaminadas pelo Sars-CoV-2. Portanto, eles estão mais vulneráveis à covid-19 do que elas.
(Fonte: Unsplash)
O artigo de divulgação da pesquisa, publicado no periódico European Heart Journal na segunda-feira (11), também afirma que pacientes com insuficiência cardíaca — os submetidos aos medicamentos direcionados ao sistema renina-angiotensina, como inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ACE) ou receptores de angiotensina bloqueadores (BRA) — não apresentavam concentrações mais elevadas de ACE2 no sangue.
Entretanto, Adriaan Voors, professor de Cardiologia no University Medical Center Groningen (Holanda) e líder do estudo, alertou para o fato de as medicações em pacientes com a covid-19 não serem descontinuadas após a divulgação dos resultados da pesquisa.
Nos últimos meses, foram feitas algumas pesquisas que sugeriram que os inibidores do sistema renina-angiotensina poderiam aumentar as concentrações de ACE2 na parte líquida do sangue. Contudo, isso também causaria um aumento no risco fatal da covid-19 em pacientes cardiovasculares que precisam tomar esses medicamentos continuamente.
No entanto, o estudo de Voors indica que esse não é o caso, mesmo que os pesquisadores tenham analisado essas concentrações de ACE2 apenas no plasma sanguíneo e não em tecidos específicos, como o do pulmão. Com isso, essa pesquisa mais recente ainda não consegue fornecer evidências definitivas sobre os efeitos dos inibidores do sistema em pacientes infectados pelo novo coronavírus.
(Fonte: Unsplash)
Sendo assim, as conclusões da equipe holandesa ainda são bem restritas, sobretudo quando os pacientes com insuficiência cardíaca foram analisados junto daqueles que não tinham infecção. Dessa forma, ainda não há como o estudo fornecer uma ligação direta entre o curso da doença e as concentrações plasmáticas da ACE2.
“O ACE2 é um receptor que atua na superfície das células. Ele se liga ao coronavírus, permitindo-o a entrar e infectar células saudáveis depois de ter sido modificado por outra proteína na superfície da célula, chamada TMPRSS2. Altos níveis de ACE2 estão presentes nos pulmões, portanto acredita-se que ele desempenhe um papel crucial na progressão de distúrbios pulmonares relacionados à covid-19”, afirmou o Voors.
A equipe do professor já trabalhava com esse objeto de estudo antes mesmo da pandemia surgir, e seus resultados estão sendo divulgados agora. Este artigo é apenas um dos primeiros que a European Heart Journal está publicando.