Ciência
29/07/2020 às 11:00•2 min de leitura
No sul da França, foi iniciada a construção do maior reator de fusão nuclear do mundo. O projeto, chamado de ITER, é resultado de um esforço colaborativo envolvendo 35 países que têm um objetivo ambicioso: provar a viabilidade econômica da geração desse tipo de energia com o uso de um dispositivo magnético gigantesco batizado de Tokamak.
Em teoria, o poder dessa modalidade surge a partir da energia liberada por dois núcleos atômicos mais leves que se fundem para formar um mais pesado, transformado em eletricidade. Caso a máquina seja economicamente vantajosa (gerando mais energia que a necessária para iniciar o processo), lançará as bases de uma maneira inédita de produção de energia limpa quase ilimitada em escala comercial.
Tokamak, dispositivo magnético presente dentro do ITER.
A energia nuclear de fusão seria mais segura que a convencional, de fissão, uma vez que não apresenta riscos de colapsos ou de gerar resíduos. Entretanto, para isso, é preciso superar uma dificuldade estudada há 6 décadas pela área: é difícil de prever o comportamento do plasma extremamente quente dentro dos reatores, responsável pela mágica, e de controlá-lo.
Como se poderia imaginar, o ITER será um verdadeiro colosso da engenharia. Seu reator final pesará 23 mil toneladas, incluindo 3 toneladas de ímãs supercondutores conectados uns aos outros por 200 quilômetros de cabos, mantidos resfriados a -269 °C por sistemas de criogênio – próximo do zero absoluto. Bernard Bigot, diretor geral do projeto, declarou: "Construir a máquina peça por peça será como montar um quebra-cabeça tridimensional em uma intrincada linha do tempo e com a precisão de um relógio suíço".
Visão aérea das instalações.
A equipe envolvida, por sua vez, está otimista quanto aos testes que poderão ser realizados a partir do momento em que tudo entrar em funcionamento, em 2025. Isso porque, com o plasma de autoaquecimento, a expectativa é que seja gerada uma quantidade de energia 10 vezes superior à de entrada, cerca de 500 MW a partir de 50 MW – uma fração da menor usina nuclear dos Estados Unidos.
De qualquer maneira, o mais impressionante é que temperaturas 10 vezes mais altas que a do núcleo solar podem ser atingidas pelo equipamento – que não é o único idealizado, uma vez que um grande número de startups pelo planeta quer tornar a fusão nuclear uma fonte comercialmente viável de energia.
Sobre a temperatura? Estamos falando de 150 milhões de graus Celsius!
Engenheiros iniciam a construção do maior reator de fusão do mundo via TecMundo