Ciência
10/08/2020 às 10:00•2 min de leitura
A explosão que aconteceu no porto de Beirute, no Líbano, chocou e mobilizou todo o planeta. Além da busca por sobreviventes e investigações para melhor entender a origem do ocorrido, uma dúvida surgiu entre as pessoas: por que a explosão causou uma "nuvem de cogumelo" vermelha?
As nuvens de fumaça com formato de cogumelo ficaram conhecidas e marcadas por desastres radioativos e bombardeios nucleares, sendo uma marca registra destes tipos de explosão.
A cor vermelho vívido da explosão é uma característica de dióxido de nitrogênio, liberado em casos de combustão de nitrato de amônio. O composto químico pode causar problemas respiratórios, como inflamação das vias aéreas, tosse e respiração ofegante, além de uma redução da função pulmonar.
Mas e o formato de cogumelo? Segundo especialistas, qualquer explosão muito grande pode gerar a chamada "nuvem de cogumelo". O professor Jeffrey Lewis, do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais, explicou que o formato aparece porque "a bola de fogo está esfriando, expandindo e interagindo com a atmosfera. Quando esfria, você fica com a forma de cogumelo da formação de nuvens".
Portanto, o gás quente da explosão entra em conflito com o ar frio e denso da atmosfera, que o empurra para baixo, e, assim, gera o formato de cogumelo.
A explosão no Líbano foi causada, segundo as últimas informações, por um estoque de quase 3 toneladas de nitrato de amônio que teriam entrado em combustão. Mas por que esse material estava acumulado ali?
O que se sabe é que o nitrato de amônio é muito utilizado em fertilizantes e detonadores. No primeiro, a alta concentração de nitrogênio do composto estimula o crescimento das plantas. Já no segundo caso, é uma substância chave usada como agente de detonação pela indústria de mineração para quebrar grandes agregações de rocha.
Ainda que altamente inflamável, o material precisaria de condições específicas para entrar em combustão e isso está sendo investigado. Segundo o governo libanês, o nitrato de amônio foi apreendido em 2013, quando foi confiscado de um navio cargueiro russo.
Destroços da explosão em Beirute, no Líbano. (Fonte: STR/AFP/Reprodução)
O foco do Líbano agora é continuar as buscas na área devastada da explosão, que deixou mais de 130 mortos, 5 mil feridos e 100 desaparecidos.