Ciência
01/12/2022 às 13:00•2 min de leitura
Existem diversas teorias para a existência da água no planeta Terra. Uma delas, a de que a água presente no planeta teria vindo de fora trazida por cometas ou meteoroides, pode ter ganho um forte aliado nessa disputa de teorias: o meteorito de Winchcombe.
O artefato espacial cruzou o céu noturno da Inglaterra no dia 28 de fevereiro de 2021, fragmentando-se em várias partes, com um pedaço se espatifando em frente à garagem da família Wilcock, na cidade de Winchcombe (daí o nome do meteorito).
Diversos pedaços da rocha caíram em partes diferentes de Winchcombe, mas o meteorito que se encontrava na casa dos Wilcock teve maior destaque, pois ele foi coletado em pouco tempo – 12 horas após a queda – e logo lacrado, para não haver nenhuma contaminação.
A) Meteorito que caiu na frente da garagem da família Wilcock; B) parte maior do meteorito encontrado pelos Wilcock; e C) maior fragmento da rocha encontrado em outra área. (Fonte: Science Advances/ Divulgação)
A importância do objeto ter sido recuperado rapidamente pelos cientistas é de que ele praticamente não foi afetado por outros elementos químicos presentes na Terra.
Mas o que isso significa? Significa que, por não ter sido contaminado, o meteorito guarda informações químicas que podem contar não só a própria história da rocha, mas também a história do nosso planeta.
Isso ocorre porque o meteorito de Winchcombe é um condrito carbonáceo, um tipo de rocha rica em carbono que remete ao início do Sistema Solar, tendo, portanto, aproximadamente 4,6 bilhões de anos. É como voltar no tempo.
Após análises do meteorito de Winchcombe, um estudo recente publicado na revista Science Advances trouxe fortes indícios de que a água existente na Terra hoje pode ter origem extraterrestre.
Asteroides podem ser a chave para explicar a água da Terra. (Fonte: Shutterstock/ Reprodução)
A pesquisa indica que o meteorito veio de um asteroide primitivo localizado próximo a Júpiter, no cinturão principal de asteroides, numa viagem que levou cerca de 300 mil anos (lembrando que, em números astronômicos, é pouquíssimo tempo).
Os cientistas usaram raios-x e lasers para revelar e analisar os minerais e demais elementos que constituíam o condrito.
O estudo identificou que 11% da massa do meteorito era composta de água, com o hidrogênio da água apresentando duas formas: o hidrogênio normal e o isótopo de hidrogênio (mais conhecido como deutério). Além disso, ficou constatado que a proporção de deutério na água do condrito é semelhante à encontrada por aqui.
Assim, a conclusão é que a água da rocha espacial é muito parecida com a água presente na Terra, o que pode sugerir que os asteroides tenham contribuído para a existência de água no nosso planeta.
Além disso, foram encontrados aminoácidos no meteorito, o que pode ter ajudado na origem da vida.