Artes/cultura
24/12/2022 às 09:00•2 min de leitura
Na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, no estádio do Maracanã, um dos momentos mais emblemáticos exibido para mais de 2 bilhões de pessoas foi quando todos os atletas plantaram em totens sementes de 207 árvores diferentes representando cada um dos países que participaram do evento. As 13.725 sementes eram destinadas à Floresta dos Atletas, um legado olímpico e ambiental para o país.
Essa ideia constitui parte do debate sobre o aumento do desmatamento e o medo de uma falta catastrófica dos recursos naturais da Terra — algo muito discutido entre os cientistas e ambientalistas. Em um cenário de destruição, seja por fatores naturais ou autoinfligidos, a única maneira de os seres humanos continuarem sobrevivendo é por meio do plantio.
Pensando nisso, em 26 de fevereiro de 2008, foi inaugurado o Global Seed Vault, considerado o cofre mais importante da humanidade, que carrega um tesouro inestimável: sementes.
(Fonte: Time/Reprodução)
Localizado em Spitsbergen, na Noruega, quase escondido na encosta de uma montanha gelada, o cofre foi projetado pelo arquiteto Peter W. Soderman e levou 3 anos para ficar pronto. O projeto foi aberto como uma parceria entre o Ministério da Agricultura e Alimentos do Governo da Noruega, o Nordic Genetic Resource Center e o Crop Trust, sendo um esforço para assegurar a não extinção da raça humana pela falta de recursos.
O cofre abriga mais de 1 milhão de tipos diferentes de sementes coletadas de todas as partes do mundo, entre milho, cevada, alface, berinjela, feijão e outros tipos. Existem mais variedades de sementes no Global Seed Vault do que em qualquer lugar do planeta, todas bem preservadas em temperaturas abaixo de zero e cercadas pelo permafrost para mantê-las em boas condições pelos próximos 30 anos.
Apesar desse número grande, Soderman desenvolveu a instalação para conseguir armazenar até 4,5 milhões de culturas, cada uma contendo em média 500 sementes, com espaço total para 2,5 bilhões delas.
(Fonte: National Geographic/Reprodução)
Sementes preciosas foram transportadas da Síria para o Centro Internacional de Pesquisa Agrícola nas Áreas Secas, também conhecido como ICARDA, localizado ao sul de Aleppo.
Quando a guerra estourou, foi iniciada uma força-tarefa de remoção das sementes para o Global Seed Vault. Até 2014, quando a instalação síria foi abandonada, mais de 80% de sua coleção estava armazenada no cofre norueguês.
Marie Haga, diretora-executiva do Crop Trust, comentou que existe um motivo pelo qual o Seed Vault ganhou o apelido de "cofre do juízo final". "Existem grandes e pequenos 'dias do juízo final' acontecendo em todo o mundo todos os dias", disse ela à Time.
(Fonte: Voa News/Reprodução)
Inclusive, a escolha de um local nevado no meio do nada para estabelecer o Seed Vault foi feita pensando no terror causado por guerra e outros tipos de agentes de conflito não chegariam em um local desolado.
O vizinho mais próximo ao cofre é o Artic World Archive, uma instalação que visa preservar dados para governos e instituições privadas no mundo.
A unidade de Svalbard do cofre é considerada uma fonte de armazenamento backup para as 1.700 versões do cofre espalhadas pelo mundo e denominadas "bancos de genes", operando como uma rede global de coleta, preservação e partilha das sementes para aprofundar a pesquisa agrícola e desenvolvimento de novas variedades.