Estilo de vida
10/05/2023 às 08:00•2 min de leitura
Em 1936, um casal que passeava pelo interior do estado do Texas encontrou uma rocha estranha. Embora eles não entendessem muito sobre geologia, acharam curioso o fato de um pedaço de madeira estar preso em uma pedra que parecia ser tão antiga.
Eles decidiram levar a rocha para sua casa e a mantiveram guardada por algum tempo. Quando o filho do casal decidiu quebrar a rocha para ver o que exatamente tinha dentro dela, descobriu que ela estava cobrindo a cabeça de um martelo — o pedaço de madeira era o cabo, que havia ficado para fora.
Solucionado um mistério, a descoberta logo deu origem a um novo: o martelo foi datado do século XIX. Tendo a rocha uma formação geológica de alguns milhões de anos, como ela poderia ter "absorvido" uma ferramenta tão moderna?
(Fonte: Wikimedia Commons)
Décadas mais tarde, essa pergunta chamou a atenção de Carl Baugh, um conhecido criacionista que defende a teoria da Terra Jovem. Segundo Baugh, o planeta Terra não pode ser tão antigo quanto dizem os cientistas, uma vez que existiriam indícios que comprovariam que humanos e dinossauros conviveram — é importante destacar que ele nunca conseguiu comprovar qualquer um destes supostos indícios.
Quando Baugh ficou sabendo do martelo na rocha, ele decidiu investigá-la. O criacionista afirmou que a rocha ao redor do martelo era do período Cretáceo (entre 145 e 65 milhões de anos). Para Baugh, isso seria uma prova que a Terra não poderia ser tão antiga — além de uma evidência de que a teoria da evolução estava incorreta e que humanos e dinossauros compartilharam o planeta em determinado momento.
“Se o artefato é realmente do período cretáceo, onde isso deixa a teoria evolutiva, já que o homem não deveria ter evoluído por mais 100 milhões de anos ou mais?” Baugh perguntou. “Se o artefato é relativamente recente, isso significa que uma formação do cretáceo também é relativamente jovem... Mais uma vez, onde isso deixa a teoria evolutiva com suas datas tradicionais para as formações cretáceas?”.
Humanos dividindo espaço com dinossauros continua sendo exclusividade da ficção. (Fonte: IMDb)
Não demorou muito para que a teoria de Baugh fosse derrubada. Glen J. Kuban, um programador que trabalha com identificação de pegadas de dinossauros nos Estados Unidos, foi quem questionou o criacionista. Para ele, não havia dúvidas de que a rocha e o martelo eram de épocas completamente distintas.
Após estudar o caso, em 1997, Kuban publicou um artigo comentando qual era a explicação para o martelo na rocha. No seu estudo, ele afirma que a pedra é ainda mais antiga do que Baugh havia estimado, tendo origem no Ordoviciano (entre 488 a 443 milhões de anos). E a sua explicação para o martelo do século XIX no seu interior era bastante simples.
"A resposta é que a concreção em si não é do Ordoviciano", disse Kuban. "Minerais em solução podem endurecer em torno de um objeto intrusivo jogado em uma rachadura ou simplesmente deixado no chão se a rocha fonte (neste caso, supostamente Ordoviciano) for quimicamente solúvel".