Nova 'linhagem de humanos modernos' de 40 mil anos é descoberta na França

23/08/2023 às 11:002 min de leitura

A partir do fóssil de osso ilíaco encontrado na França, pesquisadores acreditam terem descoberto uma linhagem inicial do Homo sapiens sutilmente diferente dos humanos modernos atuais. A ossada sugere que um grupo frequentemente considerado exclusivamente neandertal que vagava pela Europa pode ter coexistido com humanos e neandertais verdadeiros ao mesmo tempo, observaram os cientistas.

Pesquisas anteriores feitas na região sugerem que a fase final da cultura neandertal pode ter sido vivida por um grupo chamado chatelperronense. Além do osso de quadril analisado pelo estudo, artefatos chatelperronianos, que datam de 44,5 mil a 41 mil anos atrás, também foram achados na área que se estende do norte da Espanha até a Bacia de Paris.

Controvérsia de estudos

(Fonte: Scientific Reports/Divulgação)(Fonte: Scientific Reports/Divulgação)

Por muitos anos, a existência dos chatelperronenses inspirou muita controvérsia no meio científico, tendo em vista que uma parcela de pesquisadores argumentava que seus artefatos eram, na realidade, de natureza moderna humana. Inclusive, alguns estudos asseguram que os humanos modernos chegaram à Europa Ocidental há cerca de 42 mil anos.

Nessa nova pesquisa, no entanto, os pesquisadores se concentraram em um local chave para investigar a identidade desse misterioso grupo: a caverna Grotte du Renne, localizada em Arcy-sur-Cure. O sítio arqueológico está a apenas 200 km de distância de Paris. Anteriormente, vários restos mortais de neandertais foram achados nos vários níveis da caverna.

O osso do quadril de um recém-nascido achado no local é um ílio, um dos três ossos que compõem a cintura pélvica. Medindo cerca de 2,5 centímetros de largura, o artefato foi encontrado em uma camada anteriormente datada de cerca de 40.680 a 42.335 anos. Outros restos mortais também foram achados na mesma camada, mas estudos de DNA mostram que eram de origem neandertal.

Comparação de espécies

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Os paleontólogos envolvidos no estudo compararam o osso de quadril recém-descoberto com ossos de dois bebês neandertais e 32 recém-nascidos humanos modernos. Através dessa análise, foi possível constaram que o fóssil descoberto na Grotte du Renne era claramente diferente dos ossos neandertais.

Contudo, por mais semelhante que a ossada fosse de bebês humanos modernos, algumas diferenças também foram perceptíveis. “É muito surpreendente ter em mãos um fóssil de Homo sapiens de um contexto chatelperronense”, disse Chris Stringer, paleoantropólogo do Museu de História Natural de Londres que esteve envolvido no estudo.

O grupo de pesquisas acredita que esse osso de quadril pertencia a uma linhagem humana moderna que diferia ligeiramente da nossa linhagem. Sendo assim, a maior hipótese criada pelos pesquisadores para compreender o contexto no qual o osso estava inserido é a forte possibilidade de neandertais e humanos terem dividido no mesmo espaço de vida por alguns anos — dando origem a uma linhagem "intermediária". 

No entanto, ainda serão necessários novos estudos para entender mais sobre a origem dos chatelperronenses e como essa mistura de seres pode ter realmente acontecido nesse período histórico.

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