Artes/cultura
17/09/2023 às 09:00•2 min de leitura
Imagine só estar andando pelo deserto do Saara completamente desidratado. Tudo o que você deseja naquele momento é encontrar uma fonte de água para matar a sua sede e conquistar mais algumas horas de sobrevivência. De repente, no meio da vastidão de areia e nada, você avista um incrível oásis pronto para sanar todos os seus problemas momentâneos.
Ao se aproximar do local, você percebe que sua cabeça havia acreditado em uma ilusão: nada daquilo realmente existia. Esse fenômeno ótico é chamado de "miragem", o fruto de como nossos olhos interpretam a curvatura da luz que produz essas imagens.
(Fonte: Getty Images)
Um erro comum entre as pessoas é acreditar que as miragens são ilusões de ótica. Na realidade, uma miragem nada mais é do que a imagem de uma coisa existente — que poderia até mesmo ser fotografada —, mas que foi distorcida e pode tranquilamente ser mal interpretada. Por exemplo, no deserto, as miragens que refletem o céu muitas vezes são vistas como uma poça d'água.
De qualquer forma, como uma imagem de um objeto real acabou parando no lugar errado? A resposta para isso se chama refração, que é a curvatura dos raios de luz à medida que viajam por diferentes materiais. As miragens, por sua vez, acontecem quando as ondas de luz viajam pelo ar em diferentes densidades.
Quando a luz viaja através do mesmo material, ela normalmente viaja em linha reta. Porém, quando a luz encontra um material diferente, ela se curvará em direção à densidade mais alta, que depende da temperatura do ar. Portanto, quando a luz viaja em diferentes temperaturas de ar, ela se curva em direção ao mais frio, que é mais denso.
Isso cria dois tipos de miragens: as superiores, que podem ser vistas na primavera e no verão, e as inferiores, que acontecem em desertos ou em pavimentos muito quentes, quando a superfície e o ar próximo são mais quentes do que o acima dela.
(Fonte: Getty Images)
Um exemplo de miragem superior acontece quando o mar está muito mais frio do que o ar quente do verão. Inclusive, isso é o que os historiadores suspeitam ter acontecido com a água gelada na noite em que o Titanic naufragou. Nesses casos, o mar mais próximo da água é mais frio do que o ar acima dela.
O ar fica mais quente à medida que você se afasta do nível do mar. Isso cria um gradiente de temperatura e densidade, fazendo com que a luz refletida por um objeto — como um navio, um iceberg ou uma ilha próxima — se dobre. Nesse caso, esse objeto parece maior do que a realidade ou de que ele está em um local diferente.
Já uma miragem inferior pode ser vista quando se está acima da camada de ar mais quente. Isso faz com que a luz que vem de cima se curve para o alto em direção ao ar mais frio. Novamente, como o olho antecipa que a luz viajará em linha reta, ele interpreta a imagem como mais baixa e invertida. É assim que uma imagem do céu pode se parecer com uma superfície de água no fundo do deserto.
Miragens inferiores tendem ser mais fáceis de encontrar para quem sabe onde procurar. E agora que você entende mais sobre esse fenômeno, fica mais fácil desfrutá-lo sem se decepcionar com o resultado!