Bizarro peixe sanguessuga existe há 450 milhões de anos!

Parecendo que saiu direto de um filme de terror, um parasita semelhante a uma enguia, mas sem mandíbula, sem ossos e com sede de sangue, nada pelos cursos de água de nosso planeta. As lampreias-do-pacífico, como são chamadas, existem no mundo desde antes dos dinossauros andarem por aqui.

Curiosamente, essas bizarras criaturas são até mais antigas que as árvores, conseguindo sobreviver aos dias modernos de maneira surpreendente. Por conta dessa resiliência tamanha, elas se tornaram objeto de estudo de muitos cientistas. 

Anatomia bisonha

(Fonte: GettyImages)

As lampreias-do-pacífico acabaram divergindo de seus antepassados no mundo antigo, apresentando algumas adaptações surpreendentes. Essas criaturas não possuem ossos. Em vez disso, seus copos são compostos por um tipo de "esqueleto" cartilaginoso bizarro, contando com um "terceiro olho" no topo de suas cabeças — mas que na verdade é um órgão especializado na detecção de luz.

Esses peixes, cientificamente chamados de Entosphenus tridentatus, são considerados fósseis vivos, uma vez que datam do Ordoviciano, período histórico há cerca de 450 milhões de anos. As lampreias receberam esse nome incrível pela jornada de vida que fazem pelo mundo, começando suas jornadas em rios e riachos de água doce até migrarem para o Oceano Pacífico na fase adulta.

Essa migração só não é definitiva por um simples detalhe: quando elas atingem a maturidade e estão prontas para desovar, têm que regressar aos ambientes de água doce para depositarem seus ovos. Afinal, transformar-se de animal de água doce para animal marinho não é uma tarefa fácil.

Por conta disso, esses peixes sofreram uma série de mudanças em suas aparências e fisiologias para conseguirem sobreviver à dramática mudança na salinidade dos habitats. 

Adaptação na natureza

(Fonte: GettyImages)

Embora pareça algo aleatório, a mudança da água doce para o oceano é algo "pensado" pelas lampreias-do-pacífico. Um fato curioso sobre essa espécie é que ela possui um tipo de "superpoder", constituído por estímulos químicos libertados pelas larvas em migração, para encontrar o caminho de volta à vida em água doce.

Essas criaturas podem retornar ao mesmo curso de água onde desovaram. Porém, ao contrário do que acontece com os salmões, isso não é uma garantia. A lampreia-do-pacífico tem uma estratégia de alimentação particularmente desagradável que ajuda na transformação e mapeamento dos cursos d'água.

Elas podem manipular suas bocas esféricas cheias de dente, como ventosas pontiagudas, para morder corpos de peixes e mamíferos marinhos. Através dessa técnica, elas se alimentam de sangue e fluidos corporais, deixando uma ferida esférica no corpo de seus hospedeiros.

No entanto, elas não matam seus hospedeiros, uma vez que precisam deles vivos para se alimentar. Essa é apenas uma das cerca de 40 espécies de lampreia que surgiram de um antigo ancestral de peixe sem mandíbula e que sobreviveram a pelo menos quatro eventos de extinção em massa. Sendo assim, somente sua existência já parece um milagre — mesmo que um tanto quanto assustador.