Artes/cultura
10/10/2023 às 02:00•2 min de leitura
Um estudo paleontológico liderado por Tiffany Slater e Maria McNamara, da Universidade de Cork, na Irlanda, descobriu a primeira evidência de pigmento ruivo na coloração de animais. O grupo de pesquisadores encontrou evidências moleculares da existência de feomelanina — que dá a cor avermelhada —, em fósseis de sapos com cerca de 10 milhões de anos.
A pesquisa é um importante passo para entender a degradação biomolecular que acontece durante o processo de fossilização. Com as novas técnicas e procedimentos, vai ser mais fácil entender a real coloração de animais extintos e entender melhor o caminho evolutivo até os animais atuais.
Profa. Maria McNamara e a Dra Tiffany Slater lideres da pesquisa e o fóssil do sapo ruivo. (Fonte: University College Cork/Divulgação)
Um das inovações do estudo é melhorar o procedimento de análise biomolecular de fósseis. Com isso, pode-se entender melhor o que acontece com as moléculas ao serem expostas às extremas condições de temperatura e pressão que resultam na fossilização. As novas descobertas permitem entender que o material biomolecular original não se perde, mas se transforma, e muito do seu conteúdo original pode ser entendido.
Para completar o estudo, pesquisadores recorreram a um time de cientistas das universidades Fujita Health University (Japão), Linyi University (China) e Lund University (Suécia). O artigo foi publicado na Revista Nature.
Além de ajudar na compreensão da evolução biomolecular das espécies, o estudo pode dar caminhos para responder questões práticas do reino animal. Por exemplo, atualmente sabe-se que a feomelanina tornou-se tóxica para a maioria dos animais, mas mesmo assim ela evoluiu e faz parte da coloração de algumas espécies.
Um fóssil pode ser uma ossada completa, ou pequenos vestígios como dentes e até pegadas. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Com tantos relatos de fósseis encontrados, pode parecer que achar um deles é tarefa fácil, mas, na verdade, isto é extremamente raro. Considerando o número de animais que morreram no planeta, o número de fósseis é ínfimo. Isto acontece por que, para que a fossilização ocorra, uma série de condições climáticas e de características do solo precisam ser corretas.
Quando um animal morre, seu corpo é decomposto por fungos e bactérias e se os seus restos não chegarem em rochas sedimentares, não sobreviverão para contar a história. Quando há movimentação do corpo (seja por água, vento ou outros animais) e os restos chegam a rochas sedimentares, ou quando o animal morre por lá, pode-se iniciar um processo de diagênese. Este é a compactação e a cimentação dos restos orgânicos nos sedimentos.
Para que seja possível a fossilização, é preciso que o corpo seja coberto por sedimentos de forma rápida, antes que bactérias decomponham sua totalidade. Além disso, os sedimentos da camada superior do fóssil precisam ser afinados, dificultando a ação de processos erosivos. Por fim, a temperatura baixa e um solo com baixa oxigenação também facilitam o processo, já que tornam a existência de micróbios mais difícil.