Ciência
24/10/2023 às 10:00•2 min de leitura
A floresta amazônica não passa pelos seus melhores momentos nas últimas décadas, já quem ano após ano vem sendo cada vez mais desmatada. Porém, parece que ela encontrou um valioso aliado para mudar esse cenário: o camu-camu.
O camu-camu é uma fruta rica em vitamina C, chegando a ter 20 vezes mais dessa vitamina que a acerola, 40 vezes mais que a polpa da laranja e 60 vezes o suco do limão, e vem sendo usada para restaurar florestas no sudoeste do Pará e mudar a situação do local.
Camu-camu vai ajudar a floresta amazônica a se recuperar do desmatamento. (Fonte: Getty Images / Reprodução)
Por meio de um projeto de pesquisa e desenvolvimento da Norte Energia em parceria com a Universidade Federal do Pará, pesquisadores estudaram técnicas para melhorar a forma de coletar sementes, produzir mudas e realizar os plantios de diversas espécies, incluindo o camu-camu.
Cerca de 45 mil mudas de aproximadamente 35 espécies nativas da região amazônica foram manejadas durante a execução do estudo e replantadas, restaurando até o momento 80 hectares – o equivalente a 112 campos de futebol. As mudas foram divididas em três partes, sendo uma para a UFPA, outra para as comunidades locais envolvidas no projeto e a última para Secretaria de Meio Ambiente de Vitória do Xingu (PA) visando ações de plantio na região. No total, o projeto, que vai até o fim do ano, já recebeu mais de R$ 7 milhões em investimentos.
“Essa pesquisa foi uma troca de conhecimento muito importante, principalmente para mim, que venho de outra região, e para mostrar aos moradores que podem explorar melhor, de forma sustentável, tudo que temos aqui de biodiversidade”, disse o pesquisador Arthur Pace Stehling. Além dele, outros 15 pesquisadores fazem parte da iniciativa.
Camu-camu tende a se tornar cada vez mais conhecido graças a esse projeto de reflorestamento. (Fonte: Casa e Jardim / Reprodução)
O trabalho para recuperação da floresta amazônica alia o conhecimento dos ribeirinhos em sua execução, e acontece em 12 regiões ao longo da Volta Grande do Xingu.
“Com o envolvimento de pessoas das comunidades, foi possível mapear árvores adultas utilizadas como matrizes, desenvolver uma rede de coletores de sementes, e produzir mudas que foram utilizadas para estudar diferentes métodos de restauração. Além disso, a interação dos pesquisadores com as comunidades garantiu cenário de diálogos sobe a importância de áreas de floresta para a alimentação dos animais, bem como a possibilidade de atividade econômica sustentável”, avaliou Roberto Silva, gerente de meios físico e biótico da Norte Energia.
Iniciado em abril de 2021, o projeto já proporcionou a coleta de aproximadamente uma tonelada de sementes, de diversas espécies, pelos moradores da região.
“Em qualquer parte do mundo a pesquisa é um norteador de conhecimento, mas também de tecnologia. Quando unimos projetos de ciência e tecnologia e podemos contribuir para a capacitação de moradores da comunidade local, além resultados técnicos, também conseguimos gerar o que a comunidade precisa a curto prazo. O projeto permitiu formar capital humano e atender as necessidades das comunidades”, concluiu o professor Emil José Hernandez, doutor e coordenador do curso de Biologia da UFPA.