Estilo de vida
26/10/2023 às 04:30•2 min de leitura
Depois de um poderoso terremoto ter atingido a Cidade do México, uma gigantesca cabeça de cobra feita de pedra surgiu no solo entulhado da cidade, ainda exibindo suas ousadas cores originais. A descoberta aconteceu no dia 19 de setembro de 2022, quando um terremoto de magnitude 7,7 atingiu os estados mexicanos de Michoacán e Colima.
Seus fortes estrondos puderam ser sentidos a 400 km de distância do epicentro da capital mexicana, causando danos a várias dezenas de edifícios. Por conta das destruições, parte do subsolo da cidade foi afetado, fazendo com que a escultura começasse a aparecer no solo de uma faculdade de direito do centro histórico da região.
(Fonte: INAH/Divulgação)
Logo após o fim do terremoto, arqueólogos do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México foram alertados sobre a descoberta da cabeça de cobra feita em pedra e a escavaram em uma cova de 4,5 metros de profundidade. O monumento mede 1,8 metro de comprimento, 1 metro de altura e 85 centímetros de largura — com um peso estimado de 1,2 tonelada.
Os pesquisadores acreditam que a escultura tenha mais de 500 anos, datando para o final do Império Asteca. Apesar de tanto tempo ter passado desde então, a peça permanece em condições notáveis e ainda está 80% coberta por um arco-íris de pigmentos coloridos, incluindo ocre, vermelho, azul, preto e branco.
Para preservar a beleza da escultura asteca, funcionários do INAH colocaram a relíquia numa câmara de umidade hermética, onde investigadores trabalharão para restaurar suas cores. “Esses pigmentos, que representam um exemplo famoso da paleta de cores que os mexicanos usavam para decorar suas imagens de culto e seus templos, são extremamente frágeis devido aos materiais minerais e vegetais dos quais foram obtidos”, destacou Barajas Rocha, que liderou múltiplos projetos de conservação de cores do INAH, em comunicado oficial.
(Fonte: INAH/Divulgação)
Em seu depoimento, Rocha afirmou que a peça ficará em um espaço completamente vedado e forrado com filmes plásticos. Além disso, a câmara é equipada com uma série de umidificadores e data loggers — uma ferramenta tecnológica utilizada para ler e controlar a umidade relativa desta representação ancestral da cobra a todo momento.
“Nosso objetivo é que a cabeça da cobra perca a umidade que acumulou ao longo dos séculos de forma lenta e cuidadosa, para que ela saia dos poros internos da rocha para a sua superfície, pois se o processo for acelerado pode ocorrer perda de cor e até fissuras ou cristalizações de sais na pedra”, frisou o especialista.
Nas Américas pré-Colombianas, as cobras desempenhavam um papel importante na cultura artística da região. Uma representação emblemática de uma serpente na mitologia asteca foi o deus Quetzalcoatl, frequentemente descrito como uma cobra emplumada. De maneira mais ampla, a figura do animal sempre foi associada à fertilidade e ao renascimento, provavelmente porque as cobras trocam regularmente de pele e incorporam o processo de regeneração.