Estilo de vida
02/02/2024 às 09:00•2 min de leitura
A cidade de Villa de Leyva, de apenas 24 mil habitantes, da Cordilheira dos Andes colombiana, é um destino turístico popular por seus restaurantes, bares, museus e por ter uma das maiores praças da América Latina. Porém, o local também tem se tornado famoso pelos seus fósseis de animais marinhos.
Os amonoides — cefalópodes marinhos extintos com conchas enroladas distintas — estão incrustados em paredes, pisos e estradas por toda a cidade. Recentemente, esses fósseis têm sido utilizados por pesquisadores para desvendar novas informações que podem revolucionar o conhecimento humano sobre os oceanos antigos.
(Fonte: Centro de Pesquisa Paleontóloga de Villa de Leyva/Divulgação)
Durante o Cretáceo Inferior, entre 145 milhões e 100 milhões de anos atrás, esta região da Colômbia estava completamente submersa e esses fósseis faziam parte de um ecossistema marinho complexo e diversificado. Naquela época, essa localização fazia parte de um oceano que cobria uma plataforma continental próxima à recém-formada América do Sul
Suas águas eram relativamente rasas e o fundo do mar era tóxico para a maioria dos seres vivos devido aos altos níveis de ácido sulfúrico e aos baixos níveis de oxigênio. Por isso, quando animais e plantas mortas caíram no fundo do oceano, a toxicidade protegeu seus restos mortais dos necrófagos, ajudando a preservar informações importantes.
Quando esta parte da Cordilheira dos Andes começou a se forma há cerca de 72 milhões de anos, esses fósseis atingiram novos patamares. Os dados encrustados em Villa de Leyva fazem parte do que é conhecido como Formação Paja, uma camada de rocha sedimentar que possui um dos registros mais completos do mundo da fauna marinha do Cretáceo Inferior.
(Fonte: Centro de Pesquisas Paleontológicas de Villa de Leyva/Divulgação)
Um pliossauro de pescoço curto com 10 metros de comprimento, encontrado em 1977, é o fóssil mais famoso da região. Porém, ele é apenas um dos tantos exemplares que destacam a biodiversidade impressionante que um dia já existiu ali. Para conhecer mais sobre esse passado, pesquisadores da Universidade McGill têm focado seu estudo na evolução dos ecossistemas marinhos do Cretáceo nos trópicos.
De acordo com os investigadores, ainda existem regiões ricas em fósseis ainda por descobrir. À medida que os estudos sobre o passado antigo da Colômbia continua a aumentar, alguns dos obstáculos se tornam mais evidentes. O país carece de ferramentas tecnológicas necessárias para pesquisas avançadas e muitos fósseis encontrados no século XX foram levados para fora do país.
Porém, instituições como o Centro de Pesquisas Paleontológicas de Villa de Leyva têm batalhado para incentivar a pesquisa de estudantes universitários e promover o valor de suas exposições fósseis para turistas e moradores locais. Ao passo que o número de pessoas que estudam ecossistemas antigos na região continua a crescer, existe um grande otimismo quanto ao futuro da paleontologia na Colômbia. Assim, novos locais serão explorados e muitas outras espécies desconhecidas aguardam para serem encontradas. Logo, só nos resta imaginar o que ainda pode vir pela frente.