Estilo de vida
17/06/2024 às 09:00•3 min de leituraAtualizado em 17/06/2024 às 09:00
É bastante comum que, para evidenciar as qualidades ou talentos de um indivíduo, digamos que ele é um deus na sua profissão. Por incrível que pareça, há quem refira a si mesmo como o próprio Deus das escrituras bíblicas, e até procure convencer aos outros de que realmente é um ser divino. Esse fato recebe o nome de autodeificação.
Diferente do que possa parecer, não é coisa de algum maluco caminhando pelas ruas de grandes cidades. Há personalidades históricas famosas por terem feito uma afirmação do tipo. Em diferentes épocas e por distintos motivos, líderes políticos, figuras excêntricas e famosos de sua época clamaram para si a divindade máxima da humanidade.
Nascido na Holanda e trabalhando parte da vida como pescador, Lou de Palingboer acabou por se tornar líder de um movimento religioso local. Filho de um pai muito religioso, Lou teve uma criação tradicional no que diz respeito à religião. Foi após contrair matrimônio com sua segunda esposa que, sob a influência dela, passou a se autodeificar, afirmando ter vindo ao mundo para salvar os seres humanos do diabo.
Lou largou a vida de pescador e passou a realizar reuniões, na década de 1950, em que autoproclamava "o corpo ressuscitado de Jesus Cristo". Por mais incrível que possa parecer, muitas pessoas acreditaram no que ele dizia, a ponto de suas reuniões ganharem fama na Holanda, onde arrebatou seguidores. Apesar das autoridades locais verem Lou e seus fãs como uma seita, nada foi feito, pois eles não eram violentos ou agressivos.
Apesar de ser reconhecido como personagem importante na luta pelos direitos raciais nos Estados Unidos, Father Divine também possui um passado controverso em que clamou para si uma divindade. Líder espiritual negro da primeira metade do século XX, referia-se a si como "O Mensageiro".
Quando era questionado em entrevistas sobre sua vida pregressa, ele costumava fugir da resposta afirmando que "a história de Deus não teria utilidade" aos leitores. Father Divine conquistou seguidores pregando independência econômica, igualdade racial e justiça social, mas também dizendo que ele mesmo era a Segunda Vinda de Cristo. Morreu em 1965, já ofuscado por outras personalidades como Martin Luther King Jr.
Vivendo em um território que hoje compreende a Alemanha, os brúcteros formaram um dos principais grupos germânicos. Foi ali entre eles nasceu Veleda, uma jovem que, segundo a lenda local, era uma vidente capaz de prever os resultados das batalhas com muita precisão. Ela teria sido fundamental durante a Revolta dos Batavos, quando os brúcteros guerrearam contra Roma.
Sua capacidade de prever as batalhas fizeram ela ser vista entre seu povo como uma deusa viva. Veleda vivia em retiro em uma torre próxima ao rio Lippe, um assentamento romano na região que hoje é a cidade alemã de Colônia.
Muito popular entre a sua tribo e outros povos germânicos, ela enfatizava os aspectos divinos de suas previsões e interpretações, negando até mesmo ser vista por quem a procurava em busca de sabedoria. Sim, ela usava uma intermediária para transmitir suas mensagens. Após a supressão da revolta batava, Veleda acabou presa e morta.
Governante do Império Acádio entre 2.254 a.C. e 2.218 a.C., Naram-Sin foi um governante forte, que levou seu império a atingir crescimento e influência máximos na região da Mesopotâmia. Tamanho era seu sucesso entre os súditos que ele se autoproclamou "Deus de Akkad". Nesse instante, entrou para a história como o primeiro rei da Mesopotâmia a se autodeificar, reivindicando status semelhante ao de um deus.
De acordo com historiadores, ele teria sido o primeiro indivíduo da história a se autodeificar, e contou com seu sucesso como governante, suas vitórias contra outras cidades-estado e a força política de suas ações para manter a posição que atingiu. No Império Acádio, seus sucessores seguiram a mesma prática, declarando-se deuses.