Catacumbas romanas: uma "cidade dos mortos" debaixo de Roma

28/10/2024 às 09:002 min de leituraAtualizado em 28/10/2024 às 09:00

Quem está planejando sua viagem a Roma muitas vezes não sabe que, debaixo da belíssima capital da Itália, existe outra cidade, esta habitada apenas por mortos: as chamadas catacumbas romanas. Ocupando uma área de quase 243 hectares, o equivalente a 340 campos de futebol oficiais lado a lado, elas incluem 644 km de túneis.

Construídas a partir do primeiro século da era cristã, le catacombe (como se diz em italiano) são formadas por ruas feitas de corredores e túneis subterrâneos em níveis múltiplos, áreas residenciais (jazigos familiares), praças (câmara mortuárias), além de igrejas e capelas abaixo do solo, recheadas de arte religiosa e inumeráveis restos humanos.

Debaixo da famosa Via Appia Antica, na parte sul de Roma, existem 60 catacumbas conhecidas, algumas delas abertas ao público, como as Catacumbas de San Sebastiano, as Catacumbas de San Calisto, a Catacumba de Priscila, as Catacumbas de Domitila, a Catacumba de Santa Inês e duas catacumbas judaicas.

Morte e renascimento das catacumbas

Bosio redescobriu as catacumbas em 1593. (Fonte: Getty Images)
Bosio redescobriu as catacumbas em 1593. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Uma das mais antigas leis romanas, a Lei das Doze Tábuas de 450 a.C. proibia explicitamente cremações e qualquer tipo de enterro dentro dos muros da cidade. Como os judeus e os cristãos primitivos enterravam seus mortos, passaram a fazê-lo em catacumbas construídas para esse fim, fora das muralhas de Roma. 

As catacumbas cristãs acabaram se tornando santuários para mártires e santos, e atraíram milhares de pessoas, que queriam ser enterradas ao lado dessas figuras abençoadas. Mas, quando o imperador Constantino legalizou o cristianismo em 313 EC, as catacumbas foram abandonadas, pois os cristãos passaram a enterrar seus mortos em cemitérios acima do solo.

No final do século 16, um jovem estudante de antiguidades cristãs chamado Antonio Bosio decidiu encontrar as antigas catacumbas. Após encontrar a primeira delas, as Catacumbas de Domitila, ela achou muitas outras, e documentou as descobertas no livro Roma Sotterranea

Restaurando a arte das catacumbas

x. (Fonte: Pontifícia Comissão de Arte Sacra)
Pintura no estilo paleocristão com o nome de Bosio recuperada a laser. (Fonte: Pontifícia Comissão de Arte Sacra)

Desde que Bosio começou a explorar as catacumbas romanas no final do século 16, algumas descobertas surpreendentes foram feitas, como vários afrescos (aplicação de pigmentos sobre camadas de gesso úmidas) representando o Bom Pastor, a icônica figura de Jesus como um pastor jovem, carregando uma ovelha nos ombros.  

Nas Catacumbas de Domitila, que estão entre as mais antigas de Roma, podem ser encontradas as primeiras representações de Jesus com seus apóstolos. Já nas Catacumbas de Marcelino e Pedro, há afrescos representando Jesus ao lado de Pedro e Paulo, enquanto a mais antiga representação dos Reis Magos está na Catacumba de Priscila.

Aos poucos, outras catacumbas e criptas vão sendo abertas ao público, mas muitas podem ainda estar escondidas sob a “Cidade Eterna”. Com o uso da tecnologia a laser, que remove manchas sem prejudicar o afresco pintado por baixo, um novo mundo colorido começa a surgir no que antes era apenas fumaça, algas, poeira, detritos e depósitos de cálcio devido ao gotejamento da água através dos séculos.  

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