Cientistas divulgam o 1º mapa de vegetação da Antártida

14/08/2024 às 00:002 min de leituraAtualizado em 14/08/2024 às 00:00

Em artigo recente publicado na plataforma The Conversation, a professora sênior em Ecologia Fisiológica de Plantas, Cláudia Colesie, da Universidade de Edimburgo na Escócia, apresenta seu trabalho com um grupo de cientistas internacionais: a criação do primeiro mapa da vegetação verde no continente antártico

Relatada em estudo publicado na Nature Geoscience, a pesquisa combinou dados de satélite com medições de campo, e conseguiu detectar 44,2 km² de vegetação no total, a maioria brotando na Península Antártica e ilhas vizinhas ao redor. Embora isso represente apenas 0,12% da área total, significa que a Antártida não é mais um continente 100% gelado, pelo menos por enquanto. 

O levantamento feito, em um continente ainda sem linha de base da vegetação, levou em conta as duas únicas espécies de planta nativas na região: líquens e musgos, que espalham suas sementes pelo vento, pois lá ainda não existem animais e insetos polinizadores. 

As novas plantas que chegaram à Antártida

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Exemplos de vegetação antártica. (Fonte: Charlotte Walshaw et al./Divulgação)

Essa escassez de espécies na paisagem antártica se adaptou para resistir aos rigores do clima polar, com cada uma desempenhando seu papel no processo de decomposição e reutilização de matéria orgânica no ecossistema local. 

Além de transformar a matéria morta em nutrientes, essas plantas também absorvem o carbono, influenciando a forma como o elemento circula entre a atmosfera, os oceanos, o solo e os seres vivos do planeta.

Mas, com as mudanças do clima, outra sequência natural de estabelecimento de plantas vem se impondo, devido à melhora da habitabilidade. Hoje, mais de 100 espécies de plantas já ocuparam a Antártida, diz o estudo. E essas espécies novatas, como a Poa annua (grama-comum) estão se dando muito bem, e se espalhando pelo continente.

Qual a importância do 1º mapa verde da Antártida?

Mapa de calor mostrando onde a vegetação ocorre na Antártica. (Fonte: Andrew Gray
Mapa de calor mostrando onde a vegetação ocorre na Antártida. (Fonte: Andrew Gray)

O novo mapa de vegetação antártica não apenas incrementa os dados geoespaciais disponíveis, mas fornece uma importante ferramenta para conservação e proteção da Antártida. Nesse sentido, acaba beneficiando toda a humanidade, uma vez que o clima e padrões climáticos planetários estão intimamente ligados às massas de gelo daquele continente.

Para a líder do estudo, Charlotte Walshaw, da Universidade de Edimburgo, o ineditismo dos mapas consiste em fornecer informações em uma escala nunca antes alcançada. "Podemos usar esses mapas para ficar de olho em qualquer mudança em grande escala nos padrões de distribuição da vegetação", afirma ela em um comunicado. 

Embora a sobrevivência dessas plantas nas condições extremas da Antártida aponte para a resiliência desses organismos, ainda não se sabe como essas espécies reagirão às mudanças climáticas geradas pelo homem. No entanto, saber agora onde as encontrar pode orientar medidas de proteção mais efetivas para garantir sua sobrevivência no futuro.

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