Estilo de vida
07/11/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 07/11/2024 às 15:00
Enquanto fazia escavações em um cemitério polonês do século 17, na vila de Pien, uma equipe de arqueólogos da Universidade Nicolau Copérnico, de Torun, encontrou uma autêntica sepultura de vampiro, no caso uma vampira.
Os restos mortais da jovem entre 17 e 21 anos da sepultura n.º 75 tinha uma foice de ferro perto do pescoço e um cadeado no dedão do pé esquerdo. Os pesquisadores perceberam logo que se tratava de um vampiro, pois esse tipo de aparato era muito utilizado naquela época, para evitar que esses mortos-vivos saíssem das sepulturas.
Segundo o folclore eslavo, os vampiros surgiam de pessoas que haviam vivido uma vida pecaminosa ou tinham morrido de forma violenta. A habitante do túmulo, batizada pelos arqueólogos como Zosia pode ter sido por algum motivo considerada uma dessas criaturas ameaçadoras, que não eram chiques como os vampiros do cinema, mas tinham o mau hábito de sugar a energia vital das pessoas.
Embora vários enterros de vampiros poloneses já tenham sido descobertos antes, também com esses gadgets antifuga, o de Zosia é o primeiro descoberto na Polônia a conter a foice e um cadeado. Estranhamente, a jovem vampira mostrou sinais de ter vindo de uma família abastada, pois foram encontrados em sua sepultura: um travesseiro, fios de seda e joias.
Essas características destoam das descrições de vampiros feitas nos registros históricos, que eram geralmente indivíduos que iam contra os padrões sociais da época. Essas infrações envolviam, por exemplo, ser estrangeiro, ter características físicas incomuns ou ter filhos fora do casamento, o que poderia gerar uma invasão zumbi, se fosse nos dias de hoje.
O líder da escavação, professor Dariusz Polinski, afirma no site The Past que Zosia não foi assassinada em rituais e nem condenada por bruxaria. "É possível que em sua vida a mulher tenha passado por uma tragédia e tenha sido prejudicada. Por outro lado, sua aparência ou comportamento pode ter provocado os moradores contemporâneos a ter medo dela", explica.
Sem saber o motivo real pelo qual Zosia foi enterrada como vampira, a equipe trabalhou em parceria com especialistas médicos e forenses para criar uma renderização 3D do rosto da jovem. Os pesquisadores também coletaram amostras de DNA do corpo, que revelaram uma ascendência escandinava.
Durante esse processo, a equipe de pesquisa descobriu que a jovem sofria de hemangioma, um tumor no esterno. Isso provavelmente teria causado desconforto a Zosia e se manifestado em uma deformidade torácica visível. Essa doença pode ter sido o motivo de sua caracterização como vampira, pois, além da alteração física, pode causar problemas de saúde mental.
Em entrevista à NBC News, o arqueólogo Nilsson, comentou sobre a ironia dessa reconstrução: "Essas pessoas a enterraram, fizeram tudo o que podiam para evitar que ela voltasse dos mortos... e nós fizemos tudo o que podíamos para trazê-la de volta à vida".