Artes/cultura
29/03/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 29/03/2024 às 20:00
Por que certas famílias têm uma incidência maior de nascimentos de gêmeos do que outras? Enquanto os gêmeos idênticos são considerados uma ocorrência aleatória, há uma compreensão estabelecida que os gêmeos não idênticos (ou fraternos) compartilham uma conexão genética. No entanto, a identificação dos genes específicos envolvidos nesse processo tem representado um desafio significativo para os cientistas... até agora.
Recentemente, uma equipe de pesquisadores, liderada pelo renomado professor Nick Martin do QIMR Berghofer Medical Research Institute, empreendeu uma investigação pioneira que resultou na detecção de sete genes cruciais relacionados à gemelaridade. Publicado na prestigiada revista científica Human Reproduction, esse estudo inovador representa um marco significativo no campo da genética reprodutiva.
Por décadas, os cientistas enfrentaram dificuldades para identificar os fatores genéticos por trás da ocorrência de gêmeos não idênticos. No entanto, os avanços tecnológicos, como os chips genéticos, mudaram o jogo. A capacidade de analisar milhares de genes simultaneamente permitiu à equipe combinar dados de diversos estudos independentes realizados em diferentes países, incluindo Austrália, Holanda, Estados Unidos, Reino Unido e Islândia.
Eles analisaram um grande conjunto de amostras de DNA de mães de gêmeos não idênticos. Essa colaboração global permitiu a identificação de quase um milhão de variantes genéticas em todo o genoma humano, fornecendo informações valiosas sobre os mecanismos genéticos subjacentes à ocorrência de gêmeos não idênticos.
Entre os sete genes identificados, cinco deles têm uma função bem conhecida na via do hormônio folículo estimulante (FSH), que desempenha um papel fundamental no sistema reprodutor feminino. Além disso, dois genes anteriormente não associados à gemelaridade foram identificados pela primeira vez durante o estudo.
Com base nessas descobertas, os pesquisadores acreditam que testes genéticos simples, utilizando amostras de saliva, poderiam revelar a probabilidade de uma mulher ter gêmeos. Esses testes também poderiam ajudar a identificar mulheres que tem maior probabilidade de enfrentar dificuldades na concepção, oferecendo informações valiosas para o planejamento familiar.
Contudo, enquanto comemoramos essas conquistas, também reconhecemos os desafios futuros. A pesquisa genética é um campo em constante evolução, e ainda há muito a ser explorado e compreendido. A identificação de novos genes e variantes genéticas relacionadas à gemelaridade exigirá esforços contínuos de pesquisa e colaboração internacional.
A descoberta dos genes relacionados à probabilidade de concepção de gêmeos não idênticos representa um avanço notável na pesquisa genética e na compreensão da fertilidade humana. Esses achados têm o potencial de revolucionar como entendemos e abordamos a concepção e a saúde reprodutiva. A capacidade de prever a probabilidade de uma mulher conceber gêmeos e identificar possíveis problemas de fertilidade por meio de testes genéticos pode revolucionar os cuidados pré-natais e o aconselhamento reprodutivo, oferecendo esperança e oportunidades para milhões de mulheres em todo o mundo.