Duas formas de vida se fundem em uma só em evento único na natureza

26/04/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 26/04/2024 às 08:00

Uma equipe de cientistas detectou recentemente o sinal de um grande evento na natureza: duas formas de vida se fundindo em um único organismo. Segundo os dados publicados em dois artigos nas revistas Cell e Science, esse é um fenômeno que não é visto na Terra há pelo menos 1 bilhão de anos. 

Na ocasião, os pesquisadores observaram a endossimbiose primária, como é chamado, entre um tipo de alga marinha abundante e uma bactéria estudada em laboratório. 

Estudando a endossimbiose primária

Pesquisadores identificaram caso de endossimbiose entre alga marinha e bactéria UCYN-A. (Fonte: Tyler Coale/UCSC)
Pesquisadores identificaram caso de endossimbiose entre alga marinha e bactéria UCYN-A. (Fonte: Tyler Coale / UCSC)

Segundo as pesquisas, a endossimbiose primária ocorre basicamente quando um organismo microbiano "engole" o outro. Em seguida, o ser dominante começa a usar os organismos engolidos como um órgão interno. Sendo assim, o hospedeiro basicamente fornece ao organismo vários benefícios, como nutrientes, energia e proteção.

Quando ele não consegue mais sobrevive por conta própria, o endossimbionte engolido finalmente se torna um órgão para o hospedeiro, chamado de "organela". Os cientistas acreditam que, a primeira vez que esse processo aconteceu na natureza, toda vida complexa que conhecemos se iniciou.

“É muito raro que organelas surjam desse tipo de coisa”, disse Tyler Coale, coautor do estudo Cell e pós-doutorado na Universidade da Califórnia. Segundo os investigadores, a endossimbiose em que a forma de vida do hospedeiro se torna fundamental para a função de outro organismo só aconteceu três vezes na história. Em todas essas ocasiões, um grande avanço para a evolução das espécies foi notado.

O primeiro evento ocorreu há cerca de 2,2 bilhões de anos, quando um organismo unicelular chamado archaea engoliu uma bactéria que se tornou a mitocôndria. O segundo foi visto quando células mais avançadas absorveram cianobactérias, que se tornaram cloroplastos e conferiram a habilidade de colher energia da luz solar. Com esse último evento recente de endossimbiose, é possível que as algas estejam convertendo nitrogênio da atmosfera em amônia para outros processos celulares. 

Surgimento de uma nova organela

Células de Braarudosphaera bigelowii apresentam ter os primeiros nitroplastos documentados. (Fonte: Hagino/Divulgação)
Células de Braarudosphaera bigelowii apresentam ter os primeiros nitroplastos documentados. (Fonte: Hagino / Divulgação)

Nos artigos publicados, os pesquisadores observaram uma espécie de alga chamada Braarudosphaera bigelowii. Através da endossimbiose, essas algas aprenderam a "fixar" o nitrogênio diretamente do ar e combiná-lo com outros elementos para formar compostos mais úteis — algo que as plantas não conseguem fazer normalmente.

A equipe inicialmente pensou que a alga B. bigelowii tinha um tipo de relação simbiótica com uma bactéria chamada UCYN-A, mas que o relacionamento ficou mais sério e próximo com o tempo. A sincronização das taxas de crescimento, então, levou os investigadores a chamarem a UCYN-A de semelhante a uma nova organela. 

Assim, ela foi batizada de "nitroplasto", uma organela que começou a evoluir há cerca de 100 milhões de anos. Embora isso muito tempo na escala humana de vida, é apenas um milissegundo no tempo evolutivo. Porém, ainda existem muitas perguntas a serem respondidas sobre esse tema.

Como próxima etapa, os cientistas planejam descobrir como a UCYN-A e a alfa funcionam em conjunto e estudar suas composições. Além disso, um estudo mais aprofundado dos nitroplastos poderia determinar se eles estão presentes em outras células e quais podem ser seus benefícios. 

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: