Artes/cultura
28/05/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 28/05/2024 às 16:00
Paleontologistas encontraram um fóssil tão antigo e peculiar que nem eles mesmos conseguem classificá-lo de forma definitiva. O bicho, que recebeu o nome de Douglassarachne acanthopoda, é um aracnídeo com aproximadamente 308 milhões de anos encontrado no leito de fósseis Mazon Creek, em Illinois.
Com um corpo compacto de apenas 1,5 centímetros e pernas bastante incomuns, essa criatura confunde os especialistas e nos faz questionar: estamos olhando para uma aranha, um escorpião ou algo completamente diferente?
De acordo com Paul Selden e Jason Dunlop, os principais pesquisadores envolvidos no estudo deste fóssil, o animal não se encaixa em nenhuma das ordens conhecidas de aracnídeos, sejam eles vivos ou extintos. Isso porque seu plano corporal é bastante diferente de qualquer outro grupo de aracnídeos identificado até hoje.
Embora compartilhe características com os aracnídeos modernos, como as aranhas e os opiliões (parecem aranhas, mas não são venenosos), o Douglassarachne acanthopoda possui pernas extremamente espinhosas e robustas, características que o tornam único.
A descoberta desse fóssil remonta ao final do período Carbonífero (entre 359 e 299 milhões de anos atrás), uma época em que a maioria dos grupos vivos de aracnídeos estava começando a se diversificar. No entanto, a fauna desse período era bastante distinta do que conhecemos hoje.
Como a oxigenação no planeta nessa época era cerca de 50% a mais do que temos hoje, muitos animais tinham tamanhos enormes em comparação com seus parentes atuais. Uma aranha antiga, por exemplo, podia chegar a ter o tamanho de um gato moderno.
A realidade é que as aranhas eram raras e compartilhavam seus habitats com uma boa variedade de aracnídeos que desapareceram ao longo dos milhares de anos, sendo atualmente todos extintos.
Por isso, segundo os especialistas, é possível que o D. acanthopoda tenha vivido durante o chamado "colapso da floresta tropical carbonífera", um evento que levou à fragmentação e morte das florestas de carvão, ou talvez tenha persistido até a extinção em massa do final do Permiano (entre 280 e 245 milhões de anos atrás).
O fóssil foi descoberto na década de 1980 por Bob Masek, que utilizou um método de colocar um concreção ferro-argilosa na água durante o inverno, permitindo que a geada penetrasse nas fendas naturais, criando uma espécie de molde. Após a concreção ser quebrada, o ser desconhecido foi revelado.
Posteriormente, o fóssil foi adquirido por David Douglass e exibido no Museu da Vida Pré-histórica da família Douglass. Quando ficou evidente que se tratava de uma nova espécie, o exemplar foi doado ao Museu Field de História Natural para estudo científico.
Como você já deve ter percebido, o nome Douglassarachne acanthopoda é composto por uma homenagem à família Douglass, que gentilmente doou o fóssil para a pesquisa. Quanto ao termo "acanthopoda", ele se refere às pernas espinhosas únicas da criatura.
De qualquer forma, o fato é que esse animal pré-histórico "sobreviveu" para servir de exemplo sobre como evolução das espécies vai criando variações ao longo do tempo. Tanto que o Douglassarachne acanthopoda parece vir de uma época em que os aracnídeos estavam tentando várias formas e características diferentes para se perpetuar, muitas das quais não sobreviveram até os dias atuais.