Doggerland: a terra perdida sob o Mar do Norte

04/01/2025 às 18:002 min de leituraAtualizado em 04/01/2025 às 18:00

No fundo do Mar do Norte, bem abaixo das águas agitadas que hoje banham o Reino Unido e a Europa, existe um pedaço de terra perdido no tempo: Doggerland. Até recentemente, muitos viam essa área submersa apenas como uma passagem entre a Grã-Bretanha e o continente europeu.

Mas, graças a novas pesquisas, estamos começando a entender que Doggerland era muito mais do que isso; era uma terra vibrante, rica em recursos naturais, onde a vida humana floresceu muito antes de ser engolida pelas águas.

De ponte de passagem a terra habitável

Área mapeada de Doggerland. (Fonte: Universidade de Bradford/Reprodução)
Área mapeada de Doggerland. (Fonte: Universidade de Bradford/Reprodução)

Quando pensamos em Doggerland, é fácil imaginá-la como uma faixa de terra usada por nossos antepassados para irem da Grã-Bretanha à Europa. No entanto, a realidade é muito mais surpreendente.

Durante milhares de anos, o local foi um ecossistema próspero, cheio de colinas baixas, vales amplos e rios sinuosos. Em outras palavras, um lugar incrível para viver, com todas as condições ideais para sustentar a vida humana e animal.

Combinando vegetação abundante e uma fauna rica, a região era repleta de recursos como água doce, peixes e animais para caçar — tudo o que uma população poderia precisar. Ou seja, não era apenas uma rota de passagem, mas um verdadeiro lar para aqueles que ali viveram.

O arqueólogo Vincent Gaffney, da Universidade de Bradford, foi o responsável por revolucionar nossa visão sobre Doggerland. Usando tecnologia de ponta, ele criou mapas 3D detalhados da área submersa, mostrando como essa antiga terra era há mais de 7 mil anos anos.

A tecnologia que revelou o passado submerso

Mapeamento sísmico. (Fonte: Universidade de Bradford/Reprodução)
Mapeamento sísmico. (Fonte: Universidade de Bradford/Reprodução)

Saiba que um dos maiores avanços para a arqueologia moderna veio de algo que, à primeira vista, poderia parecer improvável: dados sísmicos coletados para exploração de petróleo e gás. Gaffney teve a ideia de usar essas informações para mapear o fundo do mar e descobrir vestígios de Doggerland.

E funcionou. Graças a essa tecnologia, ele foi capaz de recriar os antigos rios, vales e até ecossistemas que existiam na área, muito antes de ela ser submersa pelo aumento do nível do mar.

Além disso, a pesquisa foi mais além e encontrou evidências de que, na época, Doggerland estava longe de ser um lugar desabitado. Por exemplo, peças de ferramentas de pedra, ossos de mamíferos e até fragmentos de crânios humanos foram encontrados ao longo da costa do Mar do Norte, sugerindo que os habitantes eram, de fato, humanos que caçavam, pescavam e coletavam alimentos para se sustentar.

Graças ao trabalho incansável de arqueólogos como Vincent Gaffney e suas inovações tecnológicas, podemos agora viajar no tempo e entender melhor as condições que permitiram a sobrevivência e o florescimento de povos antigos.

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