Artes/cultura
19/07/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 19/07/2024 às 18:03
A internet, inicialmente idealizada como uma superestrada da informação, tornou-se um território fértil para a pseudociência e anticiência. Esses fenômenos não apenas desafiam o conhecimento científico, mas também podem ser perigosos para a sociedade. Mas o que realmente diferencia a pseudociência da anticiência, e como podemos combater ambos eficazmente?
Pseudociência é o termo usado para descrever práticas ou teorias que, apesar de se apresentarem como científicas, carecem de provas sólidas e rigor metodológico. Um exemplo clássico é a acupuntura, que, embora tenha uma longa história e muitos defensores, não possui respaldo científico consistente que comprove seus efeitos além do placebo.
Os adeptos da pseudociência frequentemente usam jargões científicos e citam estudos questionáveis para conferir credibilidade às suas práticas, criando uma fachada de racionalidade que pode enganar facilmente.
Por outro lado, a anticiência é uma rejeição explícita da ciência e da autoridade científica. Movimentos como o antivacina ilustram bem essa postura, onde a desconfiança nas instituições científicas é alimentada por crenças pessoais ou ideologias. Ao contrário da pseudociência, que busca imitar a ciência, a anticiência se opõe abertamente a ela, preferindo argumentos emocionais e instintivos a dados e fatos.
Para entender melhor a diferença entre esses dois conceitos, podemos analisar o caso dos terraplanistas. Originalmente, a crença na "Terra plana" era propagada por meio de experimentos pseudocientíficos que tentavam, de forma falha, provar essa teoria.
Hoje, porém, a difusão dessa ideia transformou-se em um movimento anticientífico, onde memes e argumentos simplistas substituem qualquer pretensão de base científica. As discussões em fóruns como o Reddit exemplificam isso, sendo dominadas por insultos e ataques pessoais, em vez de debates racionais.
Combater a pseudociência envolve desmascarar suas falácias, verificando fatos, analisando evidências e demonstrando onde as alegações falham. Isso é eficaz porque os pseudocientistas operam dentro de uma estrutura que finge ser científica. Ao expor inconsistências, podemos persuadir algumas pessoas a reconsiderarem suas crenças.
Já a anticiência requer uma abordagem diferente. Tentar debater com anticientistas usando lógica e evidências científicas frequentemente é ineficaz, pois eles rejeitam a própria premissa de que tais evidências sejam válidas. Nesse caso, uma tática mais produtiva pode ser confrontar a anticiência em seus próprios termos – utilizando a mesma linguagem emocional e instintiva, ou até mesmo humor, para expor a fraqueza dos argumentos anticientíficos.
Por exemplo, em vez de apresentar cálculos matemáticos para refutar um meme sobre a Terra plana, poderia ser mais eficaz ridicularizar a qualidade do próprio meme ou usar humor para desmascarar o absurdo da ideia. A chave é não tentar racionalizar um debate que nunca foi racional desde o início.
No entanto, a questão mais ampla e preocupante é que tanto a pseudociência quanto a anticiência alimentam o mesmo tipo de pensamento conspiratório que ameaça a sociedade em áreas críticas, como a saúde pública e a mudança climática. Isso mostra a importância de uma abordagem educacional robusta e contínua, que não só ensine ciência, mas também promova o pensamento crítico e a capacidade de distinguir entre fato e ficção.