Ciência
21/05/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 21/05/2024 às 12:00
Imagine o seguinte cenário: você está dentro de um avião comercial que acaba de passar por cima de uma região atingida por abalos sísmicos. Abaixo de você, um terremoto catastrófico vai deixando um rastro de destruição por onde passa. Porém, pensando que você está numa distância de 9 km de altura de tudo o que está acontecendo, é de se imaginar que estaria seguro contra esse fenômeno natural, certo?
Segundo pesquisadores, a resposta pode ser um pouco mais complicada do que parece. Por mais improvável que isso possa soar, existem alguns cenários em que terremotos podem causar problemas para um voo. Mas para sabermos mais sobre isso, precisamos entender a relação entre a atmosfera e a Terra.
Em comunicado oficial, o cientista do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, Attila Komjathy, pontuou os impactos que um terremoto pode ter no ar. “Quando o solo treme, provoca pequenas ondas atmosféricas que podem se propagar até a ionosfera”, disse. Essa é uma região que pode se estender até 1 mil km acima da superfície do nosso planeta.
Sendo assim, certamente terremotos causam alguns distúrbios atmosféricos. Mas isso seria suficiente para afetar um avião que está sobrevoando esse tipo de evento? Da maneira mais simples possível, a resposta tende a ser não. Quando os terremotos ocorrem, eles liberam ondas sísmicas na forma de ondas de pressão (ondas P) e ondas de cisalhamento (ondas S).
As ondas S só podem viajar através de meios sólidos, mas as ondas P até conseguem ser transferidas para outros meios como líquidos ou gases. No entanto, quanto mais essas ondas se movem no ar, mais fracas elas se tornam. Por esse motivo, por mais severo que seja o terremoto sobrevoado por um avião, dificilmente os tripulantes sentiriam a influência das vibrações abaixo.
Em 2018, a Forbes republicou o depoimento de um piloto e engenheiro aeronáutico da Força Aérea dos Estados Unidos, chamado Ron Wagner, postado no Quora. Segundo Wagner, ele havia pilotado um avião durante um terremoto que interferiu no controle do tráfego aéreo.
Neste caso, o terremoto causou uma queda de energia na base terrestre, o que eventualmente causou problemas nos instrumentos de navegação da aeronave. A queda de energia também significou que o controle do tráfego aéreo perdeu o sinal do radar — não conseguindo mais encontrar o voo de Wagner.
Portanto, por mais que passageiros de um voo atravessando um terremoto não sintam os efeitos do fenômeno fisicamente, certamente podemos dizer que os terremotos podem ter um impacto significativo no que acontece no ar. Para a sorte de Wagner, todos os problemas duraram pouco tempo e foram resolvidos quando a energia de emergência da base terrestre foi ativada.
Sendo assim, você como passageiro não terá muito com o que se preocupar se estiver voando enquanto um terremoto acontece abaixo de você. Inclusive, provavelmente só descobrirá que isso aconteceu após pousar.