O que são auras e como a ciência enxerga esse conceito?

05/08/2024 às 16:002 min de leituraAtualizado em 05/08/2024 às 16:00

A ciência tem explorado diversas fronteiras do conhecimento humano, desde as profundezas do oceano até os confins do espaço. Mas o que ela diz sobre a aura humana, aquela suposta energia luminosa que envolve nosso corpo e revela aspectos da nossa personalidade e estado emocional? A resposta é intrigante e multifacetada, envolvendo desde a pseudociência até os limites da neurociência. 

A ideia de auras vem de antigas tradições espirituais e místicas, com crentes afirmando que essas emanações coloridas ao redor do corpo revelam nossa identidade, sentimentos e saúde. No entanto, a ciência não encontrou evidências concretas de sua existência. Mesmo após várias tentativas de estudo empírico, os resultados não sustentam a ideia de que as auras sejam reais.

Mais ciência, menos misticismo

Muitos usam a chamada fotografia Kirlian como prova de que auras existem. A ciência, mostra que não. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Muitos usam a chamada fotografia Kirlian como prova de que auras existem. A ciência, mostra que não. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

O conceito moderno de aura muitas vezes se mistura com termos científicos como "energia" e "vibrações", o que pode torná-las atraentes para quem busca uma explicação que soe mais legítima. Mas, como os cientistas apontam, essas explicações são frequentemente uma mistura de tradições antigas e linguagem moderna, criando uma "sopa explicativa" que não se sustenta sob escrutínio rigoroso

A fotografia Kirlian, por exemplo, que muitos acreditam ser capaz de capturar a aura, foi desmistificada como um fenômeno relacionado à umidade e a faíscas elétricas, e não uma prova de energia vital.

Porém, apesar da falta de evidências científicas, a crença em auras persiste. Muitas pessoas relatam ver auras, especialmente médiuns e curandeiros, que afirmam ter essa habilidade especial. Algumas pesquisas sugerem que esses indivíduos podem estar experimentando uma forma de sinestesia, uma condição neurológica onde os sentidos se misturam

Por exemplo, um sinesteta pode ver cores quando ouve sons ou associar pessoas a cores específicas. Estudos indicam que alguns curandeiros que dizem ver auras podem, na verdade, estar experimentando sinestesia facial, onde as áreas do cérebro responsáveis pelo reconhecimento facial e a percepção de cores estão interconectadas de maneira incomum.

Outro aspecto intrigante é a relação entre sinestesia e empatia. Alguns sinestetas têm uma capacidade aumentada de sentir o que os outros estão sentindo, o que pode levar à crença de que estão percebendo a aura de alguém. No entanto, isso não passa de uma percepção subjetiva, uma forma de autoengano onde se acredita possuir poderes paranormais.

Falhas em testes

Vários aspectos místicos não passam no escrutínio científico. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Vários aspectos místicos não passam na análise científica. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

Experimentos científicos rigorosos para testar a habilidade de ver auras falharam consistentemente em demonstrar evidências de poderes paranormais. Em um estudo, um médium foi desafiado a detectar pessoas atrás de uma barreira opaca sem pistas visuais ou sonoras. Os resultados mostraram que suas respostas não foram melhores do que o acaso, indicando a ausência de habilidades extraordinárias.

Em outro estudo, utilizando metodologias avançadas, médiuns foram desafiados a localizar pessoas escondidas atrás de telas. Novamente, sua precisão não superou a esperada pela pura sorte, confirmando a falta de evidências para capacidades paranormais. Esses experimentos reforçam a conclusão de que não há suporte científico para a existência de habilidades de ver auras.

Mesmo com a desmistificação científica, esse tema ainda é popular, especialmente em círculos da Nova Era e espiritualistas. Empresas desse ramo oferecem diversos serviços que prometem uma nova forma de autoconhecimento e autoexploração, semelhante a outras ferramentas pseudocientíficas como leituras de tarô e mapas astrológicos

Em resumo, a ciência ainda não encontrou evidências para apoiar a existência de auras como descritas pelas tradições espirituais e esotéricas. O que parece ser uma aura pode, na verdade, ser uma combinação de fenômenos neurológicos, perceptivos e psicológicos. 

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