Oficina de 3,6 mil anos que fazia corante roxo raro é descoberta na Grécia

18/06/2024 às 16:002 min de leituraAtualizado em 18/06/2024 às 16:00

Uma oficina que produzia o valioso corante roxo há 3,6 mil anos foi descoberta em Egina, na Grécia, nas ruínas de dois edifícios do século XVI a.C. O pigmento raro era produzido a partir de caramujos marinhos, como detalha o estudo publicado na PLOS ONE no dia 12 de junho.

Durante o trabalho, os arqueólogos notaram fragmentos de cerâmica com pigmentos roxos bem preservados no edifício mais antigo. Também havia pedras de moagem, conchas de caramujo e outras ferramentas, levando os pesquisadores a deduzir que estavam diante de uma antiga tinturaria da Idade do Bronze.

Área em que a tinturaria foi descoberta. (Fonte: PLOS ONE/Reprodução)
Área em que a tinturaria foi descoberta. (Fonte: PLOS ONE / Reprodução)

O material produzido ali era altamente valorizado. Também conhecida como roxo micênico ou púrpura tíria, a tinta natural exigia até 12 mil moluscos para a produção de 1 grama de corante, trabalho que incluía muitas horas para a captura e o processamento dos caracóis.

Esse pigmento roxo que começou a ser feito pelos fenícios na cidade de Tiro, no atual Líbano, era famoso pela tonalidade forte e por não desbotar. Além disso, se tornava mais brilhante e intenso à medida que ficava exposto à luz do Sol.

Como a púrpura tíria era produzida?

Restos do pigmento roxo achados na oficina milenar. (Fonte: PLOS ONE/Reprodução)
Restos do pigmento roxo achados na oficina milenar. (Fonte: PLOS ONE / Reprodução)

As análises do material encontrado na ilha grega revelaram que os donos da oficina milenar recém-descoberta usavam o caramujo murex para produzir o corante roxo. Eles extraiam as glândulas hipobranquiais da espécie Hexaplex trunculus pela abertura da concha ou esmagando o corpo do molusco.

O passo seguinte era misturar a secreção mucosa da glândula com água salgada e deixá-la assim por alguns dias em recipientes, vasos ou cubas, como explicam os pesquisadores. Durante o processo, que exigia conhecimentos biológicos, era possível obter o desejado pigmento roxo.

Na pesquisa, também foram encontrados ossos de leitões, cordeiros e outros animais na edificação, mas eles não têm relação com a produção da púrpura tíria. Segundo os arqueólogos, são resultado de rituais de sacrifício com o objetivo de “abençoar” a tinturaria e pedir para que nada atrapalhasse o trabalho.

Mais caro que o ouro

O pigmento roxo era muito valioso na Roma Antiga. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O pigmento roxo era muito valioso na Roma Antiga. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Por causa das dificuldades para produzir o corante, envolvendo segredos que ficaram perdidos durante séculos, a púrpura tíria chegou a valer mais que ouro. Tamanha valorização levou à criação de uma lei na Roma Antiga, no século IV, decretando que apenas o imperador estava autorizado a usar o pigmento roxo.

Algo semelhante aconteceu no Império Bizantino, que controlava a produção da tinta, restringindo a coloração às sedas imperiais. As técnicas para fazer o corante roxo já não são mais um segredo, porém o tingimento milenar corre risco de se perder novamente, com a ameaça de extinção dos caramujos marinhos do Mediterrâneo.

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