Ciência
26/06/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 26/06/2024 às 09:00
Algumas das gravuras rupestres gigantes esculpidas entre 1 mil e 2 mil anos atrás nas margens do rio Orinoco, nos atuais territórios da Colômbia e da Venezuela, podem ser as maiores do mundo já documentadas. É o que afirma um novo estudo publicado na revista Antiquity, no início de junho.
O grupo de pesquisa formado por especialistas britânicos e colombianos identificou mais de 150 sítios com desenhos feitos nas rochas da região. Alguns deles, classificados como “monumentais”, se estendem por mais de 40 m, chamando a atenção mesmo de quem está distante.
As imagens retratam os mais variados tipos de temas, de figuras humanas a formas geométricas, passando por mamíferos e artrópodes, esses últimos representando possivelmente as centopeias gigantes da Amazônia. Também há vários desenhos de cobras, como a sucuri e a jiboia.
Esta pesquisa, que incluiu a descoberta de cerâmicas de 2 mil anos com gravuras semelhantes às desenhadas nas pedras, ainda investigou os possíveis significados das artes rupestres pré-colombianas localizadas em uma área de quase 100 km ao longo do rio Orinoco.
Entre os desenhos milenares descobertos, as figuras de cobras gigantes aparecem em destaque, devido aos tamanhos. Uma delas, que fica na montanha Cerro Pintado, na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, tem quase 42 m de comprimento e está sendo classificada como a maior arte rupestre do mundo.
Assim como nos demais painéis que contêm os répteis, essa gravura enorme tem a cobra como peça central, sugerindo que ela é essencial para a cena. Mais figuras surgem acima e abaixo dela, incluindo uma humana e uma centopeia, entre outros tipos de desenhos de tamanhos menores.
De acordo com os autores, as serpentes desempenham um papel importante na mitologia dos povos indígenas que habitam a área há séculos. Algumas das lendas locais tratam os répteis como divindades criadoras e os primeiros seres do planeta e responsáveis pela criação do rio Orinoco.
Não há um consenso a respeito do significado das artes rupestres do rio Orinoco. Mas a principal possibilidade mencionada pelos pesquisadores é que elas funcionavam como marcadores territoriais, indicando que aquela área pertencia à tribo responsável por esculpir as gravuras nas rochas.
Dessa forma, forasteiros que passavam por ali veriam esses desenhos como um “sinal de aviso” para se comportarem adequadamente enquanto estivessem naquele território. A maneira como elas foram projetadas, facilitando a visualização à distância, reforça tal ideia, lembrando que as artes ficavam ao longo de uma importante rota comercial, por onde circulavam muitas pessoas.