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17/01/2017 às 09:27•2 min de leitura
Ainda que muitos não saibam o significado teórico da palavra “misoginia”, são necessários poucos cliques para ver que sua prática está muito mais presente do que deveria em nosso cotidiano. Para quem não sabe, “misoginia” significa “aversão às mulheres” – por isso, pode-se dizer que atos de violência contra mulheres e, inclusive, atos machistas do cotidiano são misóginos.
O problema é que pessoas misóginas tendem a não se enxergar dessa maneira, apoiando seus argumentos em eufemismos como “mas ela mereceu” ou “se estava vestida dessa maneira, esperava o quê?”.
Para entender melhor a mente de quem é misógino, pesquisadores da Universidade Estadual de Indiana, nos EUA, reuniram dados de 78 estudos já realizados sobre o comportamento masculino no que diz respeito à saúde mental e às percepções de masculinidade.
Ao todo, foram analisadas informações de 19.453 homens. De acordo com o líder do estudo, Joel Y. Wong, a análise se ateve a 11 dimensões de masculinidade: dominância, busca por vitória, controle emocional, comportamento playboy, liderança no trabalho, autossuficiência, níveis de homofobia, busca por status, poder sobre as mulheres, violência e tomada de risco.
Os resultados revelaram que as pressões sociais para que homens manifestem o que é esperado deles em termos de masculinidade e poder sobre as mulheres acabam, no final das contas, comprometendo a saúde mental desses mesmos homens.
Não foi a primeira vez, inclusive, que se relacionou a necessidade masculina de demonstrar poder e autoconfiança como um fator que afeta a saúde psicológica dos cuecas.
Ainda que esse tipo de análise comprove o que para muitos de nós já é óbvio, que quem tem comportamento misógino possivelmente tem outros problemas de saúde mental, é preciso discutir o tema com mais profundidade e não minimizar a violência de gênero com base no argumento de que o homem violento é “doente”.
Para quase todas as doenças existem remédios e tratamentos hoje em dia, e se um homem odeia tanto uma mulher – ou duas ou todas – a ponto de querer cometer alguma violência contra ela, ou ele trata essa questão sozinho ou depois precisa responder judicialmente, como qualquer pessoa que comete um crime. Aliás, para denunciar crimes de feminicídio, ligue 180 ou procure a Delegacia da Mulher mais próxima.