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05/04/2012 às 09:21•4 min de leitura
Kurt Cobain, ícone do estilo grunge. Fonte: Getty Images
Você já deve estar acostumado a ver nas ruas a combinação de camisa xadrez, jeans surrado e All Star. No entanto, há aproximadamente 20 anos, escolher esse look ia além de uma questão de moda: ele era a representação de um estilo de vida.
Conhecido como grunge, essa maneira de se vestir surgiu em Seattle e foi popularizada pelo vocalista do Nirvana, Kurt Cobain, que cometeu suicídio nessa data, no ano de 1994.
Segundo o Fashion Blog Life, o estilo surgiu entre o fim da década de 1980 e começo dos anos 1990 como uma combinação do punk style e de roupas práticas para serem usadas no dia a dia. Até então, a produção bem elaborada dos punks era a referência, mas os ideais grunge pediam por mais desapego em relação ao visual.
Assim, ganharam espaço as camisas xadrez de flanela sobrepostas a camisetas "podrinhas", jeans surrado e botas Doc Martens. Ainda de acordo com o site, com peças despojadas, não era preciso se preocupar com furos acidentais feitos pelo cigarro ou mesmo em emprestar definitivamente uma roupa a um amigo. A forma mais simples de representar a onda despojada era usando o Little Grunge Dress (LDG), um tipo de baby-doll sequinho.
Fonte: Reprodução/Elin, Bebe e Kate
O estilo, também conhecido como Seattle Sound, foi uma das principais tendências da década de 1990, graças à difusão de movimentos musicais que surgiram em Seattle e Portland. O sucesso de bandas como o Nirvana e Pearl Jam contribuiu para que o grunge ganhasse cada vez mais adeptos. De acordo com as informações do Life123, em geral eles eram jovens descrentes que estavam interessados nos conceitos da mistura do feminino e masculino e pela busca de uma maneira anti-fashion de se vestir, muito comuns na época.
Desde o seu surgimento, independente do que aparece na passarela, o grunge permanece nas ruas, representado por um visual “sujinho”, largo e surrado. Conheça mais sobre ele e se inspire.
História e influências do estilo
Kurt Cobain, com seu visual surrado usado nos shows e o cabelo comprido despojado, ficou conhecido como a principal inspiração do grunge nos anos 1990. Porém, informações do período revelam que houve também outras influências musicais para o estilo, como o heavy metal, o punk e o indie rock.
Em uma época de rebeldia, o estilo que não tinha qualquer pretensão visual parecia ideal. Assim, eles foram buscar na classe trabalhadora e menos favorecida o modo de se produzir, indo de encontro às tendências das passarelas e aos looks exagerados dos punks. Por isso, as modelagens largas ganharam espaço, bem como as camisas de flanela xadrez usadas por lenhadores de Seattle, que além de confortáveis, eram quentinhas para se adequar ao frio da região.
A intenção era parecer junkie, com modelos de fabricação doméstica ou de segunda mão, que eram sobrepostas em camadas que escondiam as formas do corpo e os sinais de vício.
Guarda-roupa grunge
Fonte: Reprodução/Candice, Kristy e Erika
Existem algumas peças que se tornaram referência do estilo e que não podem faltar do guarda-roupa de quem quer segui-lo. Entre elas estão os jeans largos com aparência de que já foram muito usados (com detalhes rasgados e puídos), tênis All Star, botas no estilo Doc Martens, camisetas "podrinhas", gorros e a camisa xadrez ou de flanela. Tudo deve ser sobreposto, dando um ar despojado.
Outra peça tradicional do estilo é o Little Grunge Dress, que em geral é curto, amplo e fácil de ser combinado com outros modelos para compor as sobreposições. Ao longo dos anos, ele foi ganhando detalhes mais sofisticados, como botões, rendas e até costas de espartilhos. O LGD costuma ser usado com calça rasgada, coturno e acessórios de metal.
Vale lembrar que, no grunge, não há espaço para cores vibrantes ou modelagens ajustadas. No caso do jeans, ele não está presente apenas nas calças. Os grunges também são adeptos das jaquetas e colete de denim, que podem ser customizadas com fendas, fios soltos, lavagens claras e apliques de tachas.
Para o frio, vale usar cardigãs de malha alongados, também com aquela aparência “sujinha”, com direito a furos, acompanhados de gorros e capuz.
Nos pés, a bota Doc Martens se tornou um ícone do estilo, com pegada unissex e na cor preta.
Alta-costura grunge
Grunge no desfile de 2006 Jacobs. Fonte: Getty Images
A moda despojada dos grunges não passou despercebida pela alta-costura. Em 1993, o estilo foi representado na passarela com uma coleção da Perry Ellis, que foi criada por Marc Jacobs. A iniciativa fez com que o designer ficasse conhecido por seu interesse pela tendência que, mais tarde, se espalhou por outras grifes.
Na temporada de outono/inverno de 2006, Jacobs voltou a investir no grunge, abrindo espaço para camisas de flanela, botas de trabalhadores e gorros de lã. A temporada também contou com a influência despojada em outras apresentações, como Chloé, John Galliano e Stella McCartney. Os looks eram desalinhados de forma planejada, com formas amplas e uma releitura mais sofisticada.
Em 2008, Alexander Wang também se inspirou no grunge para sua coleção de verão, enquanto em 2010, J.W. Anderson captou com perfeição as referências do estilo em sua linha de inverno, com direito à presença do jeans surrado na passarela.
A moda grunge hoje
Fonte: Reprodução/ Bebe e Jessica
Apesar de o estilo grunge original ainda ser visto constantemente nas ruas, ele ganhou novos elementos e foi repaginado, conquistando ainda mais adeptos. Nas últimas temporadas, a tendência deixou de ser tão despojada para aderir a toques de sofisticação.
Listras, xadrez, gorros, camisetas de algodão, peças handmade e de tricô continuam em alta, mas surgiram também jaquetas de couro ecológico, ankle boots e espadrilles para compor o visual desleixado.
Algumas releituras mais sofisticadas do grunge ainda incluem detalhes com brilho, aplicações de renda e camisetas estampadas. No Brasil, algumas redes de fast fashion também investiram em peças do estilo, contribuindo para a sua popularização.
A vantagem é que a tendência é democrática, podendo ser usada no verão, com coletes de denim, bermudas jeans surradas e camisetas levinhas de algodão, ou no inverno, com muitas sobreposições, tricô surrado e calças jeans com coturno. Vale levar em consideração o seu gosto e deixar a criatividade fluir, fazendo produções cheias de estilo (por mais despojadas que possam parecer) e bem confortáveis.