Ciência
05/06/2015 às 09:36•3 min de leitura
Uma das cidades mais importantes para a indústria cinematográfica mundial, Los Angeles está repleta de mulheres que lutam para manter corpos esculturais e buscam uma chance de entrar em Hollywood. Indo na contramão, Mikel Ruffinelli se orgulha por ter um bumbum extremamente grande – e acaba de se tornar uma das estrelas principais do documentário “World’s Biggest Hips” (“Os Maiores Quadris do Mundo”, em tradução livre), do canal TLC.
Somados, a cintura e o quadril de Ruffinelli chegam a uma medida de aproximadamente 2,44 metros de circunferência, o que deu a ela o título que dá nome ao documentário. E por mais que pese cerca de 190 kg e tenha apenas 1,63 metro de altura, a mulher de 39 anos insiste em dizer que possui uma saúde perfeita e que não vê razão para emagrecer ou entrar em forma.
“Eu amo meu formato e não tenho motivo para entrar em dieta porque não tenho problemas de saúde. Amo minhas curvas, amo meus quadris, amo meus atributos”, diz Ruffinelli. Embora se negue a mudar seus hábitos alimentares, ela ressalta que pratica exercícios e mantém uma cintura de 101 cm.
Ainda que Mikel não admita, uma de suas filhas conta uma história diferente a respeito de sua saúde e ressalta que a vida da mulher não é fácil por conta de seu peso. “Eu não me importaria de seguir os passos dela, mas não quero isso porque vejo como ela se esforça. Se ela fica de pé por certo período de tempo, ela começa a se machucar. E dói em mim ver ela sofrendo”, explica a jovem Destynee.
Enquanto isso, Ruffinelli concorda que enfrenta vários obstáculos em seu cotidiano, tendo dificuldades para tomar banho no chuveiro, já que tem problemas para entrar no box e só consegue fechar a porta se estiver virada para o lado certo. Além disso, ela diz notar como as pessoas reagem negativamente à sua aparência, frequentemente sussurrando, apontando e rindo quando ela passa.
Por outro lado, Mikel acredita que as reações dos homens são bem mais positivas. “Eles não gostam de garotas magrelas, preferem um contorno de ampulheta. Eu acho que é muito feminino ter curvas. Isso nos torna mulheres, nos deixa bonitas. Eu prefiro ser deste tamanho e feliz, me amando, do que ser magra e infeliz”, conta. O marido dela, Reggie, concorda. “Eu falo para as pessoas o tempo todo: tenho licença para trabalhar com equipamentos pesados”, diz.
Entre as outras mulheres abordadas pelo documentário está Denise Souder, uma avó de 56 anos que possui um quadril com 1,88 metro de circunferência e que trabalha como stripper em lãs Vegas, especializada em fetiches. “Eles [os homens] vêm para cá em suas festas de formatura, tiram as vendas e lá estou eu, parada com bolinhos nas mãos. É divertido”, conta a senhora desinibida.
Segundo Souder, ela sempre foi a garota mais gordinha da turma enquanto crescia e nunca deixou que isso a impedisse de fazer o que queria. “Há desafios, eu não posso andar na montanha russa. Você aprende como se virar com seus quadris, a aceitá-los e a fazer suas compras pensando neles”, diz. Assim como Ruffinelli, ela diz se sentir feliz como é e não se importa com o que os outros dizem.
Outra estrela do documentário é a modelo plus-size austríaca Claudia Floraunce, de 40 anos. Ela se mudou para Los Angeles aos 19 e se lembra de ter ganhado 79 kg dentro de seis meses depois de chegar na cidade – hoje, seu peso total é de 136 kg. “Na Áustria é muito raro ter curvas. Quando volto para lá, muita gente me encara. Isso costumava me incomodar, mas agora eu digo ‘por que você não tira uma foto? Isso dura mais’”, conta.
Segundo a modelo, não é somente o seu tamanho que chama atenção, mas também o fato dela andar de cabeça erguida. “Eu acho que muita gente gosta de olhar para mim porque eu tenho um tamanho único, bem grande, mas me porto com muita confiança. Muitos falam ‘olha esse quadril’, ‘olha essas curvas’, ‘sua cintura parece tão pequena em comparação com o quadril’. As curvas estão na moda e eu também. Finalmente”, pontua.
Enquanto todas as mulheres que apareceram no documentário afirmaram amar seus corpos, os espectadores que acompanhar o programa quando ele foi ao ar reagiram de formas mais variadas. “Mais alguém acha que esse é um sinal absurdamente patético dos tempos em que vivemos”, questionou um usuário do Twitter. “Por que isso sequer é um programa, América, por que?”, indagou outro, com raiva.
Outra parte do público, no entanto, conseguiu extrair coisas positivas do especial de uma hora. “Estou assistindo a World’s Biggest Hips no TLC e de repente não me sinto mais tão mal quanto aos meus [quadris]”, revelou uma pessoa. Outro usuário da rede social elogiou a atitude das mulheres retratadas: “não quero ter o corpo delas, mas adoraria possuir essa confiança”.