Artes/cultura
17/11/2018 às 09:00•2 min de leitura
Dentre os diversos panteões que existem pelo mundo, está o de Paris. Ele foi construído no século 18 como uma igreja, em homenagem a Santa Genoveva, mas atualmente serve como mausoléu para grandes personalidades francesas, como Marie e Pierre Curie, Voltaire, Jean Jacques Rousseau e Victor Hugo. Hoje o local se parece muito mais com um museu, sem altar mas com um grande pêndulo preso no centro de sua cúpula — o qual foi utilizado por Foucault para provar que a Terra gira em torno de seu próprio eixo.
A discussão sobre qual dos modelos do Sistema Solar era o real — geocêntrico (com o Sol se movendo ao redor da Terra) ou heliocêntrico (a Terra se movendo ao redor do Sol) — durou alguns séculos. Junto com a falta de tecnologia e conhecimento, existia a Igreja, que não aceitava as novas teorias e tentava com todas as forças manter a sua visão de mundo.
Para ela, a Terra era o centro de tudo, fato que foi aceito por um longo do tempo. Apenas com a pesquisa e o esforço de grandes nomes da ciência, como Nicolau Copérnico e Galileu Galilei, o modelo aceito foi alterado para o heliocentrismo. Essa questão foi debatida exaustivamente, mas a busca por provas da rotação da Terra em torno do próprio eixo foi deixada de lado.
Quem encontrou uma forma de provar esse movimento foi o físico experimental e astrônomo francês Jean Bernard Léon Foucault. O método foi descoberto de modo acidental, quando ele percebeu que o pêndulo de um relógio não era influenciado pelo movimento da estrutura ao seu redor, desde que o ponto de apoio se mantivesse fixo.
Foucault percebeu que ao deixar um pêndulo oscilando, além do movimento esperado, ele realizava um movimento de rotação — causado pelo movimento da Terra em torno do próprio eixo. Através de cálculos, ele determinou que o período dessa rotação era influenciado diretamente pela latitude do local onde a medição fosse feita.
Nos polos, o movimento levaria exatas 24 horas e exatamente na linha do Equador não existiria movimento circular, com o pêndulo indo e voltando sempre na mesma linha. Em janeiro de 1851, o físico realizou uma demonstração da sua descoberta pela primeira vez para membros da Academia de Ciência de Paris. O fato chamou a atenção do líder francês na época, Napoleão Bonaparte, que ordenou a execução de um experimento público no Panteão de Paris.
Na ocasião, foi fixado no centro da cúpula um pêndulo de 28 quilos, preso por um cabo medindo 67 metros. O grande público que prestigiou o evento conseguiu visualizar o movimento através de uma graduação posicionada no centro, tornando a descoberta popular por toda a Europa.
A possibilidade de provar algo tão grandioso atiçou a imaginação da sociedade, tanto que o experimento foi replicado ao redor do globo, em eventos públicos e privados, por pesquisadores e pessoas comuns. Em um artigo que escreveu sobre a repercussão da descoberta nos EUA, Michael Conlin disse que “a popularidade do pêndulo de Foucault foi resultado de seu efeito altamente visual, sua ilustração de um princípio da física, seu uso de aparatos prontamente disponíveis e sua capacidade de fascinar observadores”.
Considerando que havia uma grande resistência da Igreja em aceitar as novas descobertas sobre a interação entre planetas e estrelas, utilizar um local sagrado para a demonstração pública do teste foi algo bastante simbólico. Hoje o assunto não é mais um problema, tanto que existem várias igrejas onde se pode ver um pêndulo de Foucault em movimento, como a Catedral de Santo Isaac, na Rússia, ou a Igreja de São Pedro e São Paulo, na Polônia.
***
Você conhece a newsletter do Mega Curioso? Semanalmente, produzimos um conteúdo exclusivo para os amantes das maiores curiosidades e bizarrices deste mundão afora! Cadastre seu email e não perca mais essa forma de mantermos contato!