Ciência
12/11/2018 às 15:00•2 min de leitura
Como você já deve saber, ontem, dia 11 de novembro, foi celebrado o centenário do Dia do Armistício — data que, simbolicamente, marca o fim da Primeira Guerra Mundial. Aliás, mais especificamente, o tratado assinado entre os aliados e o Império Alemão em Compiègne, na França, entrou em vigor às 11 horas do décimo primeiro dia do décimo primeiro mês de 1918, e, graças ao trabalho de uma produtora de som, podemos ouvir como foi o exato momento em que o conflito acabou.
(Wikimedia Commons/John Warwick Brooke)
Mas deixe a gente contar como é que foi possível trazer o som das armas e batalhas entrando em silêncio há 100 anos de volta à vida. Na realidade, de acordo com Jason Daley, do site Smithsonian.com, em 1918, a tecnologia para a gravação de som se encontrava nos primórdios de seu desenvolvimento, e não existiam sequer aquelas fitas magnéticas que eram usadas para capturar som — você se lembra delas?
Na época, as gravações eram realizadas por meio de equipamentos chamados “fonógrafos de disco” — ou gramofone — que capturavam o som e o “imprimia” por meio de uma agulha em discos de cera ou metal. Entretanto, nem precisamos dizer que não era nada prático carregar essas máquinas até os campos de batalha, é por isso que, basicamente, não existem gravações originais dos ruídos e bombardeios da Primeira Guerra Mundial. Por outro lado...
Apesar de não termos discos das batalhas, isso não significa que os exércitos não gravaram absolutamente nada! Segundo Jason, os soldados faziam uso de uma técnica que consistia em enterrar barris de óleo no chão a certa distância uns dos outros (que funcionavam como microfones) e usar filme fotográfico para capturar a reverberação do som produzido pela artilharia inimiga visualmente — sistema que funcionava mais ou menos como um sismógrafo. Veja:
(Wikimedia Commons/MKFI)
Com esse método, os técnicos eram capazes de obter informações sobre a localização de onde os vinham os tiros inimigos, triangular melhor a sua posição e ajustar a direção para onde os disparos deviam ser disparados nas ofensivas. Pois alguns desses filmes sobreviveram à Primeira Guerra Mundial — e o pessoal da produtora Coda to Coda conseguiu “traduzir” as informações visuais em som.
A equipe de peritos trabalhou com um filme do dia 11 de novembro de 1918, produzido às 10h58, contendo 6 linhas — ou seja, 1 linha por microfone —, e fez extensas pesquisas para determinar qual tipo de arma e projétil produziu cada um dos dados registrados no material. O time considerou ainda o tamanho, distância e frequência das explosões e disparos capturados, e analisou o terreno no qual a batalha se deu, para definir a reverberação produzida pelos sons.
O resultado é esse arquivo de áudio que você pode conferir abaixo — e que revela o momento em que o armistício entra em vigor, o caos da batalha começa a morrer e as armas vão entrando gradualmente em silêncio. Ouça:
Se você achou interessante — nós aqui do Mega, que somos fãs confessos de História, achamos fascinante! —, imagine a seguinte experiência: o arquivo de som faz parte de uma exposição especial organizada pelo Imperial War Museum, de Londres, em celebração aos 100 anos do Armistício, e, nela, os visitantes são convidados a posicionar os cotovelos sobre um amplificador e cobrir os ouvidos com as mãos, para que as ondas sonoras viagem por seus braços e crânio, para que eles não só ouçam, mas sintam o momento em que as armas calaram. Legal, né?
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