Estilo de vida
17/04/2022 às 06:00•2 min de leitura
No século XVII, as mulheres em um casamento ruim não tinham muitas opções — a única alternativa era simplesmente aguentar o cônjuge, por mais abusivo que ele fosse. No entanto, essa perspectiva era diferente na Itália graças ao trabalho de uma nobre chamada Giulia Tofana, que se dedicava à cosmetologia artesanal.
Giulia é a inventora de uma substância chamada Aqua Tofana, uma espécie de veneno "perfeito", pois era incolor, inodoro e insípido — portanto, poderia ser misturado em qualquer comida ou bebida. Ele passou a ser usado por esposas que queriam matar seus maridos e fugir do infeliz casamento sem deixar vestígios.
Estima-se que cerca de 600 pessoas foram mortas por esse veneno tão poderoso que era possível "calcular", a partir de sua quantidade, quanto tempo levaria até que fizesse efeito. O produto se tornou tão conhecido que até Mozart desconfiou ter sido envenenado por ele.
(Fonte: Universal History Archive/Universal Images Group/Getty Images)
Giulia Tofana nasceu em Palermo (Itália), por volta de 1620. Durante toda a sua vida, a morte sempre esteve por perto. A jovem Giulia herdou a receita do veneno de sua mãe — que foi executada após ter sido acusada de envenenar o próprio marido.
Ainda que a fórmula exata tenha sido perdida, imagina-se que fosse uma pasta feita com arsênico, chumbo e beladona — planta extremamente tóxica usada para tratar cólicas de úlceras gástricas. A alta eficiência da substância simulava os sintomas de doenças comuns, como diarreias, enjoos e vômitos.
Com o tempo, Giulia Tofana estabeleceu um negócio em Roma: ela montou um pequeno boticário em que produzia e comercializava (discretamente, é claro) a poção da morte. A Aqua Tofana era vendida sob o nome de "Maná de São Nicolau de Mira", um óleo medicinal bem comum na casa das pessoas. Assim, ela conseguia vender o veneno sem levantar desconfianças.
Logo, muitas mulheres desesperadas começaram a comprar a substância e, por consequência, dezenas de maridos passaram a aparecer mortos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A Aqua Tofana foi comercializada por anos, até que uma das clientes se arrependeu na exata hora em que servia uma sopa envenenada ao marido. Ela, então, implorou que ele não tomasse a sopa e, pressionada, revelou sobre o veneno e onde comprara.
Outra versão sobre o fim do comércio de Giulia Tofana menciona que talvez as mulheres tenham citado os assassinatos em suas confissões para padres. Em pouco tempo, os casos vieram à tona.
Giulia Tofana foi presa, torturada e levada a julgamento, onde admitiu que seu veneno havia sido administrado para cerca de 600 pessoas. Ela foi condenada à morte junto de seus funcionários e alguns clientes — os que eram pobres, é claro, pois os ricos foram poupados da morte a pedido do Papa.