Como surgiram os abrigos nucleares? Eles eram seguros?

26/07/2022 às 02:003 min de leitura

Abrigos nucleares são daquelas coisas que esperamos ver apenas nos filmes e nunca ter que usar na vida. Mas coisas como a recente guerra entre a Rússia e a Ucrânia, além das preocupações com o clima ou a economia global, podem fazer muita gente começar a pensar na possibilidade de ter um.

No entanto, você sabe como eles começaram a ser construídos? E será mesmo que em caso de uma guerra nuclear eles dariam conta do recado?

Abrigos para todos

A ideia de construir abrigos antibombas teve início nos anos 1940, pouco depois dos fatídicos ataques com bombas atômicas dos EUA contra as cidades japoneses de Hiroshima e Nagasaki.

Com o passar dos anos cada país se virou como pôde e reagiu culturalmente de forma diferente a perspectiva de uma bomba nuclear ser jogada em seu território. Nos EUA dos anos 1950, a Administração Federal de Defesa Civil achou melhor convencer a população de que poderiam sobreviver a um possível ataque nuclear.

Diagrama de 1950 de um abrigo para quatro a seis pessoas. (Fonte: Digital Public Library of America/ Reprodução)Diagrama de 1950 de um abrigo para quatro a seis pessoas. (Fonte: Digital Public Library of America/ Reprodução)

Obviamente, o plano era tentar acalmar o povo ante o temor de uma guerra nuclear com a União Soviética.

Nesse cenário de tensão no pós-Segunda Guerra Mundial e decorrer da Guerra Fria, o governo estadunidense decidiu criar milhares de abrigos antibombas espalhados dos grandes centros, como Nova York, a cidades do interior.

Além disso, tratou de “educar a população” com campanhas e exercícios nas escolas. A bomba nunca chegou e muitos desses abrigos resistem até hoje, alguns desaparecem, outros viraram outras coisas ou servem para turistas.

Mas, e se os soviéticos tivessem lançado uma bomba atômica em alguma cidade dos EUA, será que a população estaria segura?

Pura enganação

Ainda hoje não sabemos muito sobre abrigos construídos pela União Soviética, nem como são a maioria dos existentes em várias das nações de “primeiro mundo”. Mas, nos EUA, os abrigos nucleares viraram uma febre que saber sobre eles é bem fácil, inclusive, a partir de publicações da época.

O governador Robert Stafford, de Vermont, corta uma fita na frente de um protótipo de abrigo antiaéreo construído em uma casa em Montpelier. (Fonte: Digital Public Library of America/ Reprodução)O governador Robert Stafford, de Vermont, corta uma fita na frente de um protótipo de abrigo antiaéreo construído em uma casa em Montpelier. (Fonte: Digital Public Library of America/ Reprodução)

No auge da Guerra Fria, a população dos EUA viu uma proteção desse tipo pela primeira vez em janeiro de 1962. Foi a partir desse ano que avisos sobre os abrigos começaram a se espalhar pelo país.

Mas, os problemas com as construções eram tão gritantes que poucos meses após o início do programa, vários relatos começaram a surgir sobre instalações com vazamentos nos reservatórios de água, enquanto outros nunca foram abastecidos com alimentos.

Numa reportagem de 11 de junho de 1963 do New York Times uma moradora do Harlem, um bairro de Manhattan, na cidade de Nova York, questionava quem queria ir para um abrigo desses.

A mulher se referia ao porão sujo e fétido destinado às pessoas do cortiço onde morava. Segundo ela, no tal abrigo, os ratos eram tão grandes quanto cachorros. E, caso um ataque ocorresse, ela simplesmente correria.

Antes mesmo de serem abertos, a insustentabilidade dos abrigos dos EUA já era de conhecimento público. Em novembro de 1961, o The Washington Post, estampava em sua primeira página uma matéria lamentando que a maioria dos abrigos era um “espaço frio e desagradável, com ventilação ruim e saneamento ainda pior”.

(Fonte: Underwood Archives / Getty Images/ Smithsonianmag/Reprodução)(Fonte: Underwood Archives / Getty Images/ Smithsonianmag/Reprodução)

Um problema ainda mais grave era a localização dos abrigos nucleares: dois terços deles foram construídos pelo governo em áreas impróprias. Isto é, em bairros tão próximos de possíveis alvos que quem se escondesse neles, provavelmente, morreria grelhado. Aí vem a pergunta: “como não pensaram nisso?”

Ao menos as pessoas não demoraram a considerar que, apesar das imagens bonitas e da aparente segurança passada pela publicidade do governo dos EUA na época, boa parte das construções não passava de ilusão.

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